Dono de avião que teria transportado dólares cubanos diz na CPI que desconhecia carga

07/12/2005 - 19h07

Juliana Cézar Nunes
Repórter da Agência Brasil

Brasília - O empresário paulista José Roberto Conalghi depôs hoje (7) por quase três horas na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Bingos. Ele é proprietário do avião Sêneca que, de acordo com matéria publicada na revista Veja, transportou dólares cubanos em caixas de uísque durante a campanha eleitoral de 2002.

No depoimento, Conalghi disse que, na época, emprestou a aeronave para o amigo de infância, Ralf Barquete, ex-assessor do ministro da Fazenda Antônio Palocci na prefeitura de Ribeirão Preto (SP). Barquete teria pedido o avião para o transporte de um passageiro entre Penapolis (SP), Brasília e São Paulo. O passageiro era o também ex-assessor de Palocci na prefeitura de Ribeirão Preto, Vladimir Poletto.

"Eu autorizei a viagem, mas não sei o que foi transportado pelo passageiro. Só soube da possiblidade de serem caixas de uísque e dólares para a campanha presidencial do PT por meio da imprensa", afirmou José Roberto Conalghi, que disse desconhecer os motivos que levaram o piloto do avião pousar em Campinas antes de chegar em São Paulo.

"Até onde sei foi por causa do mal tempo. Mas vou perguntar a ele e informo à CPI. Posso perguntar também se ele viu algum carro blindado na pista de pouso, conforme as denúncias da imprensa."

O Partido dos Trabalhadores (PT) entrou hoje (7) com ação de "reparação por danos imateriais" contra a Editora Abril, empresa responsável pela publicação da revista Veja. A ação sustenta que, desde janeiro deste ano, "a revista vem repetindo capas que ofendem a imagem e o nome do PT e que não têm apoio na realidade dos fatos". Entre as oito capas citadas no processo, está "Os dólares de Cuba para a campanha de Lula".