Mylena Fiori
Repórter da Agência Brasil
Brasília – A Confederação Nacional da Indústria (CNI) apresentou hoje (7)ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial um programa de obras emergenciais para recuperação da infra-estrutura para transporte de cargas do país. O programa é parte integrante da chamada Agenda Mínima para Infra-estrutura, e prevê investimentos de R$ 3,3 bilhões nos próximos dois anos.
"A área de transporte é crítica", justificou o presidente da CNI, Armando Monteiro Neto, em entrevista coletiva após o encontro. "Estamos com a malha viária deteriorada, com uma execução orçamentária baixa e com problemas que exigem uma ação forte e muito dirigida."
O programa prevê ações imediatas em cinco corredores considerados fundamentais para a indústria. Para o corredor São Paulo/Rio de Janeiro/Minas Gerais/Bahia, por onde passa grande parte da produção industrial brasileira, especialmente dos setores siderúrgico e químico, a indústria sugere recuperação de trechos rodoviários e construção de contornos ferroviários. Também propõe a ampliação da área de armazenagem e a dragagem para aumento de calado do Porto de Pauí, no Espírito Santo.
Outra prioridade é o Corredor Zona Franca de Manaus/São Paulo, que passa por Rondônia e Mato Grosso. O eixo movimenta entre 30% a 40% da carga gerada pela Zona Franca de Manaus e cerca de 80% da produção agrícola do Mato Grosso.
No corredor São Paulo/ Rio Grande do Sul, por onde passa cerca de 70% dos produtos exportados para a Argentina, são necessárias, segundo a CNI, obras de recuperação de trechos rodoviários das BRs 116,101 e 392, obras ferroviárias em Santa Catarina. A confederação também pede obras nos portos de Itajaí e São Francisco do Sul, em Santa Catarina e Rio Grande, no Rio Grande do Sul.
O chamado corredor Nordeste é apontado como essencial para o desenvolvimento regional e para o abastecimento daquela região do país. Entre as prioridades em infra-estrutura de cargas estão a recuperação de trecho da BR 101 em cinco estados, e ainda dragagem e o acesso ferroviário ao Porto de Suape, em Pernambuco.
Por fim, no corredor Centro Oeste, voltado pra o escoamento da produção agro-industrial (principalmente de soja), a indústria solicita recuperação de trechos rodoviários nos estados de Goiás e Minas Gerais. Como ações pontuais, o programa de obras da CNI propõe a solução de problemas de acesso ferroviário ao Porto de Santos, a conclusão da Eclusa do Tucuruí (para estabelecimento de alternativa de transporte hidroviário no Maranhão e no Tocantins) e dragagem dos portos do Rio de Janeiro, Santos, São Francisco do Sul e Itajaí.
Além do transporte de cargas, Agenda Mínima para a Infra-estrutura apresentada ao Conselho de Desenvolvimento Industrial também propõe ações noutros setores. A indústria pede um novo marco regulatório para saneamento básico, a fim de criar ambiente institucional seguro para investimentos públicos e privados, e aprovação da lei federal sobre gás natural. Ao final da reunião, ficou decidido que o Conselho terá um grupo de acompanhamento da política de infra-estrutura e transportes.
Participaram da reunião os ministros do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Luiz Fernando Furlan, da Fazenda, Antonio Palocci, da Casa Civil, Dilma Rousseff, de Ciência e Tecnologia, Sérgio Rezende, do Planejamento, Paulo Bernardo, das Cidades, Márcio Fortes.