Relatora da ONU recebe denúncias sobre índios assassinados e defensores de direitos humanos em risco

06/12/2005 - 19h20

Fernanda Muylaert
Da Agência Brasil

Brasília – O assassinato de indígenas no país e a situação de risco de defensores dos direitos humanos foram algumas das denúncias feitas hoje (6) por representantes de movimentos sociais e entidades. Eles estiveram reunidos, em Brasília, com a relatora da Organização das Nações Unidas (ONU) para defensores dos direitos humanos, Hina Jilani, que, após visitar diversos estados brasileiros, deve lançar um relatório preliminar com a conclusão dos pontos analisados.

Durante o encontro, o vice-presidente do Conselho Indigenista Brasileiro (Cimi), Saulo Feitosa, apresentou um panorama da situação geral do índio no país. Segundo ele, além de ameaças de morte e atentados, comunidades indígenas sofrem "criminalização" e passam de vítimas a réus.

"Invasores de terra criam situações em que índios acabam respondendo por crimes que não cometeram. Nós entendemos isso como uma forma de violência porque essas calúnias são apresentadas sem nenhum fundamento", contou ele.

Além da criminalização, foram abordados o assassinato de duas lideranças indígenas do grupo Truká, ocorrida em junho deste ano no município de Cabrobó (PE), por policiais militares; a violência sofrida por missionários do Cimi em Minas Gerais e as ameaças de linchamento de que foram vítimas; atentados à terra indígena Raposa Serra do Sol, em Roraima, quando um grupo invadiu a área e ateou fogo a uma escola local; e as ameaças sofridas por povos que vivem isolados no Mato Grosso.

Para a diretora da organização não-governamental (ONG) Justiça Global, Sandra Carvalho, o encontro propiciará a divulgação de ações que o governo federal deverá implementar. Ela apresentou à relatora da ONU um documento elaborado em parceria com organização a Terra de Direitos, que traz 51 casos emblemáticos de ameaças de morte e intimidação a defensores dos direitos humanos em 17 estados brasileiros.

"Com a divulgação desse documento, esperamos que uma política pública a defensores de direitos humanos possa ser promovida, já que já temos um programa brasileiro de defesa desses defensores", afirma ela.

A paquistanesa Hina Jilani permanece no Brasil até o dia 20. Amanhã (7), ela visita Marabá (PA). A relatora viaja ainda para cidades nos estados da Bahia, Pernambuco, São Paulo e Santa Catarina. Jilani está no Brasil a convite do governo federal.