Grupo contra descriminalização do aborto promete repetir "pressão" na votação de projeto de lei

06/12/2005 - 18h01

Juliana Cézar Nunes
Repórter da Agência Brasil

Brasília – Os parlamentares que fazem parte da Comissão de Seguridade Social e Família da Câmara dos Deputados voltam a se reunir amanhã, às 9h30. Na pauta de votação está o Projeto de Lei 1135, que descriminaliza a prática do aborto. A votação quase ocorreu, mas foi cancelada. O número de deputados que registraram presença na comissão era insuficiente, de acordo com as normas do regimento da Câmara.

Mulheres, seminaristas, pastores e jovens que foram hoje à comissão defender o arquivamento do projeto prometeram, amanhã, repetir a pressão para a votação, com mais cânticos religiosos e fotos de bebês abortados.

O grupo – formado por quase 200 pessoas de várias regiões do país – chegou a se reunir com o deputado Durval Orlato (PT-SP) para, com a ajuda dele, identificar os parlamentares que devem votar a favor descriminalização. A idéia é convencê-los do contrário.

"Vamos fazer pressão e lembrá-los que em 2006 tem eleição. Estamos dispostos a, depois da votação, divulgar todos os nomes dos parlamentares que votaram a favor da legalização do aborto", afirma a presidente da Associação Nacional de Mulheres pela Vida, Doris Pires.

"Queremos colocar os nomes em outdoor, espalhar listas em Igrejas. O povo quer saber quem são os parlamentares que defendem a pena de morte para uma criança dentro do ventre materno."

O deputado Durval Orlato é membro da Comissão de Seguridade Social. Ele diz que a sessão de hoje foi "boicotada" pelos parlamentares contrários a descriminalização do aborto. De acordo com Orlato, nove deputados estavam no Congresso e não compareceram à sessão.

"Tínhamos outros parlamentares nos ministérios, acessíveis por telefone, caso os deputados favoráveis ao projeto garantirem o quórum", afirma o petista. "Esse projeto de matança de bebês no ventre materno não deveria nem estar em pauta, que dirá ser aprovado."