Shirley Prestes
Repórter da Agência Brasil
Porto Alegre - A empresa Calçados Azaléia, do Rio Grande do Sul, fechou sua fábrica, especializada em produção de tênis, em São Sebastião do Caí, na região metropolitana de Porto Alegre, demitindo 800 funcionários. A filial, que funcionava há 25 anos no local, era responsável por 40% da arrecadação da prefeitura do município, localizado a 60 quilômetros da capital.
"Entre os maiores problemas está a competição com a China, contrabando, aumento de impostos, estradas e portos em más condições e legislação atrasada", afirmou em comunicado a empresa, um das cinco maiores empresas de sapatos do mundo. Segundo o texto, as dificuldades financeiras foram agravadas com a crise cambial, que resultou na queda de suas exportações e diminuição de 20% na produção.
Exaltados pelo encerramento repentino das atividades quando iniciavam o expediente de trabalho ontem (5), os 800 funcionários atearam fogo nos uniformes de trabalho no pátio da fábrica. Hoje a fábrica abriu os portões para as assinaturas das rescisões contratuais.
O diretor-presidente da Calçados Azaléia, Antônio Britto, atribuiu o encerramento das atividades "à crise no setor coureiro-calçadista, baseada na invasão do calçado chinês, o contrabando, os altos impostos e o câmbio desfavorável. Fechamos 800 vagas pelo bem de outros 18 mil empregados", explicou em coletiva de imprensa na sede da empresa.
Este ano, a Calçados Azaléia expandiu seu parque fabril em Sergipe, com quatro novas unidades, duas delas inauguradas este mês. Ela também dispõe de 18 fábricas na Bahia. No Rio Grande do Sul, seu estado de origem, a Azaléia mantém apenas cinco plantas.
Segundo o presidente do sindicato dos trabalhadores na indústria de calçados local, Valdir Raimundo Ramos, a Azaléia fez uma proposta ao sindicato de recursos para a distribuição de cestas básicas. A empresa também ofereceu aos ex-funcionários a inclusão em programas de treinamento, além de manter por três meses o apoio, em casos de emergência médica.