Pesquisa desenvolvida por hospital no Rio reduz índice de transmissão de aids durante o parto

02/12/2005 - 12h54

Norma Nery
Repórter da Agência Brasil

Rio – Resultado parcial de uma pesquisa desenvolvida há um ano por médicos do Hospital Geral da Posse, em Nova Iguaçu (RJ), constatou que entre 127 bebês, filhos de mães portadoras de HIV, apenas cinco foram infectados pelo vírus, o que corresponde a uma taxa de 4%. Em todos os casos, as mães não faziam tratamento para combater a aids.

O chefe do departamento de Doenças Sexualmente Transmissíveis do hospital, José Henrique Silva Pilotto, diz que o resultado é "excelente". Segundo dados do Ministério da Saúde, cerca de 20% das crianças são contaminadas pelo HIV durante o parto. Nos casos em que as gestantes já recebem tratamento específico, o índice é de 2%.

Segundo Pilotto, os bebês podem ser contaminados pelo HIV enquanto estão no útero da mãe, através da placenta, ou durante o parto – situação que é objeto da pesquisa do hospital. O médico afirma que os cinco bebês foram contaminados porque as mães estavam em estágio avançado da doença ou porque a placenta já estava rompida.

Para evitar a transmissão da doença na hora do parto, a equipe do hospital oferece o teste de aids para as gestantes que estão em trabalho de parto e não fizeram o pré-natal. Em caso positivo, gestantes e bebês já começam a receber a medicação. Mas, enquanto as mulheres e seus cônjuges mantêm o tratamento, as crianças só recebem o remédio durante seis semanas. "É profilaxia, não é tratamento, justamente para prevenir a transmissão, naquele momento, na hora do parto, e nas primeiras seis semanas de vida. Depois é interrompida a medicação. A gente faz o acompanhamento dessa criança até os dois anos de idade", explica o médico.

A pesquisa desenvolvida pelo hospital testa a eficácia de três tipos de tratamento baseados no AZT (um dos medicamentos usados no tratamento de aids). Grupos de crianças recebem apenas doses de AZT, enquanto outras recebem também um ou mais antiretrovirais. O objetivo é descobrir qual combinação garante mais chances de combater a contaminação pelo HIV na hora do parto.

O estudo começou em abril de 2004, depois que foi assinado convênio entre a Universidade de Los Angeles (EUA) e a Fundação Oswaldo Cruz. A instituição coordena o desenvolvimento do estudo em oitos centros especializados do país. A pesquisa será encerrada quando a meta de atender 1.731 casos em todo o mundo for alcançada.

O Hospital da Posse reúne o maior número de crianças tratadas no país pelo programa. A unidade é o único centro de referência de combate à aids da Baixada Fluminense, na região metropolitana. No Rio, o Hospital dos Servidores também integra o projeto.