Trabalho com o peixe em projetos comunitários na Amazônia é discutido em oficina do Provárzea

29/11/2005 - 19h12

Thais Brianezi
Repórter da Agência Brasil

Santarém (Pará) - O peixe foi o principal recurso natural debatido hoje (29) na Oficina de Experiências no Manejo de Recursos Naturais em Várzea e Igapós, que reúne cerca de 80 gestores de projetos comunitários de 18 municípios do Amazonas e do Pará. A oficina é uma iniciativa do ProVárzea/Ibama e do Projeto Aquabio, do Ministério do Meio Ambiente. O objetivo principal dela é a troca de experiências entre esses projetos.

A Associação de Silves pela Preservação Ambiental e Cultural (Aspac) atua desde 1993 com ecoturismo no interior do Amazonas. A pousada Aldeia dos Lagos, gerenciada pelos ribeirinhos, possui faturamento bruto anual de cerca de R$ 160 mil e financia atividades de conservação ambiental de quatro lagos da região, além de gerar renda para 36 membros da comunidade que trabalham em forma de rodízio. "Conseguimos garantir o estoque de peixe. Nosso desafio agora é manejar o pirarucu que está nesses lagos", informou o coordenador de ecoturismo da Aspac, Vicente Neves.

A pesca do pirarucu – peixe nobre, semelhante ao bacalhau – está proibida em todo o Amazonas. Só é permitida em lagos fiscalizados pelas comunidades, de forma controlada e com autorização especial do Ibama. "Participei neste ano de uma reunião do Slow Fish (peixe lento, em inglês), na Itália. Eles são ligados ao Slow Food, que seria algo como comida lenta, em oposição ao Fast Food norte-americano. Há um mercado interessante para nosso peixe lá. Quem quiser o contato deles, é só me procurar depois", comentou Neves.

A dica pode ser útil ao Grupo de Pesquisa e Desenvolvimento (GPD), uma organização que reúne cerca de 800 famílias de 24 comunidades de Tefé, Alvarães e Maraã, na região do médio Rio Solimões, também no Amazonas. Cerca de 350 dessas famílias desenvolvem atividades de manejo do tambaqui. "O preço do peixe manejado ainda é muito baixo, quase não compensa o esforço de fiscalização dos lagos e controle de estoque pesqueiro. Refiro-me ao preço pago para a gente, porque nos supermercados a história é outra", reclamou Miraílson de Souza, coordenador do GPD.