Projetos discutidos em oficina do ProVárzea na Amazônia incluem apoio a povos indígenas

29/11/2005 - 19h31

Thais Brianezi
Repórter da Agência Brasil

Santarém (Pará) - Ganhar mercado e gerar renda não são preocupações comuns a todos os projetos discutidos hoje (29) na Oficina de Experiências no Manejo de Recursos Naturais em Várzea e Igapós, que reúne cerca de 80 gestores de projetos comunitários de 18 municípios do Amazonas e do Pará. A oficina é uma iniciativa do ProVárzea/Ibama e do Projeto Aquabio, do Ministério do Meio Ambiente. O objetivo principal é a troca de experiências entre esses projetos. .

Há oito anos o Instituto SócioAmbiental (Isa) e a Federação das Organizações Indígenas do Alto Rio Negro (Foirn) desenvolvem em São Gabriel da Cachoeira – no Amazonas, na região conhecida como Cabeça do Cachorro – um projeto de criação de peixes em cativeiro que se volta exclusivamente para o consumo dos moradores da terra indígena Alto Rio Negro.

A região não possui pesca comercial, mas o estoque de peixes vem diminuindo a cada ano. "O ecossistema do Alto Rio Negro nunca foi rico em peixes. Mas a população sabia viver com a escassez natural. Com o processo civilizatório, houve um adensamento da população em certos locais e uma quebra do repasse do saber indígena. Isso contribuiu para colocar a segurança alimentar dos indígenas em risco. Hoje você vê, em algumas tribos, indígenas comendo sardinha em lata, porque não conseguem pescar", contou o engenheiro de pesca do Isa, Mauro Lopes.

O projeto envolve diretamente 79 psicultores de sete etnias (Tukano, Baniwa, Macu, Dessana, Tariano, Wanana e Tuyuca). Em cerca de 100 tanques construídos pelos próprios indígenas, eles criam sete espécies de peixes da região. A produção de alevinos (cerca de 45 mil por ano) é localizada em três centros, nos rios de atuação da experiência: Tiquié, Uapés e Içana.