Iolando Lourenço
Repórter da Agência Brasil

Brasília - O motorista do deputado Wanderval Santos (PL-SP), Célio Marcos Siqueira, confirmou hoje que foi à sede do Banco Rural, em Brasília, buscar uma encomenda e levá-la à casa do deputado Carlos Rodrigues (ex-bispo Rodrigues), que renunciou ao mandato depois de ser acusado de participar do suposto esquema de pagamento de mesada a parlamentares, o chamado "mensalão".

Célio Marcos disse que não comunicou a Wanderval a ida ao banco a mando de Rodrigues, que era o coordenador da bancada da Igreja Universal na Câmara e a quem também prestava serviços. "O deputado Wanderval não sabia de nada do que tinha acontecido. Se ele conversou com o ex-bispo, eu desconheço", afirmou o motorista.

Segundo ele, era comum os funcionários do gabinete do deputado Wanderval Santos atenderem solicitações de Rodrigues. Entre os pedidos mais comuns de Rodrigues, estava o transporte de prefeitos a ministérios e ao aeroporto, informou o motorista.

Wanderval Santos responde a processo por quebra de decoro parlamentar no Conselho de Ética pelo fato de seu motorista ter sacado R$ 150 mil das contas do empresário Marcos Valério, tido como operador do "mensalão". Ao depor no conselho, o próprio deputado disse que não tinha conhecimento do trabalho feito pelo motorista, mas confirmou que Célio prestava serviços também a Rodrigues, que era coordenador da bancada.

O deputado Chico Alencar (PSol-RJ), relator do processo contra Wanderval Santos, disse que o depoimento não trouxe novidades, mas que estranhou a forma monossilábica das respostas: "Sim senhor, não senhor". Ele afirmou que vai cruzar os depoimentos de Wanderval com as informações dadas pelo motorista e por outras testemunhas do processo para embasar seu relatório.

Chico Alencar disse que as testemunhas Jacinto Lamas, ex-tesoureiro do PL, e o ex-deputado Carlos Rodrigues, convidadas também para depor hoje, serão novamente convidadas para falar ao conselho no dia 8 de dezembro.