Resultado sobre contaminação de moradores da Baixada Fluminense sai amanhã

22/11/2005 - 10h50

Norma Nery
Repórter da Agência Brasil

Rio - Os resultados de exames realizados em moradores da Cidade dos Meninos, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, para medir o grau de contaminação pelo BHC, conhecido como "pó de broca", serão divulgados para representantes da comunidade amanhã (23), às 15 horas, na Fundação Nacional de Saúde (Funasa). A informação foi dada pelo ambientalista, Sérgio Ricardo, membro do Comitê de Bacia Hidrográfica do Rio Guandu. Ele estima que 95% dos 1.400 habitantes do local estejam contaminados.

Segundo ele, os exames toxicológicos foram realizados pelo Ministério da Saúde em parceria com a Universidade de Campinas (Unicamp), em 2002, em parceria com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), em 2003. A Cidade dos Meninos ocupa uma área de 2.000 hectares, onde funcionou nos anos 50 uma fábrica do Instituto de Malariologia, administrada pela Superintendência de Campanhas de Saúde Pública (Sucam), atual Funasa. No local, eram manipulados inseticidas para controle dos vetores da malária, doença de Chagas e febre amarela. A fábrica foi desativada em 1965, mas os resíduos químicos ficaram no local, entre eles o BHC e o DDT.

Sérgio Ricardo disse que a população quer conhecer os resultados oficiais para poder reivindicar tratamento adequado para diversos tipos de problemas, desde dermatológicos até cânceres que vêm ocorrendo ao longo do tempo. "Mas o Ministério adiou por duas vezes, nesse semestre, a entrega dos resultados". Segundo ele, há 12 anos a área foi interditada depois da confirmação de focos de contaminação química e a comunidade não dispõe de iluminação pública e nem de escolas.

A área concentra 14 tipos de produtos tóxicos, surgidos após a cobertura do terreno com cal, solução polêmica adotada nos anos 90. "Resultado: aumentou o número de contaminantes com a mistura dessas duas substâncias (cal e pó de broca)", disse o ambientalista.

O encontro na Funasa deverá reunir o coordenador geral de Vigilância Ambiental em Saúde, Guilherme Franco Neto, diretores da Associação de Moradores da Cidade dos Meninos e ambientalistas.