Valtemir Rodrigues
Da Voz do Brasil
Brasília – O ministro do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), Patrus Ananias, garantiu apoio ao projeto de curso universitário para os índios do Mato Grosso do Sul. A idéia de oferecer aos índios Terena e Kadiwéu cursos com noções de agroecologia, além das práticas e do conhecimento desses povos foi apresentada a ele hoje (22) pela ministra do Meio Ambiente, Marina Silva.
Os indígenas terão oportunidade de fazer o curso de Gestão Socioambiental a partir das experiências vividas em suas comunidades. A intenção é que eles aprendam e desenvolvam suas atividades na área de agricultura sem prejudicar o meio ambiente.
De acordo com Marina Silva, a iniciativa partiu dos próprios índios e ganhou apoio do Ministério do Meio Ambiente. "Pensamos um formato que seja capaz de incluir vários setores de governo, tanto federal quanto estadual. A nossa expectativa é de que isso possa promover ações estruturantes de inclusão das comunidades indígenas, mas uma inclusão na sua própria cultura", disse a ministra.
Patrus Ananias afirmou que "na medida em que estamos treinando e qualificando intelectual e profissionalmente lideranças indígenas, elas vão levar conhecimento e tecnologias para o desenvolvimento social e cultural da região, preservando os valores da cultura e a identidade dessas comunidades".
Um dos idealizadores do projeto, o historiador Antônio Brant, da Universidade Católica Dom Bosco, explicou que junto com o curso será desenvolvida uma série de ações para assegurar aos índios a oportunidade de eles mesmos produzirem alimentos. "Essa ação é uma ação de longo prazo muito diferente das ações emergenciais. Com ela vamos garantir uma sustentabilidade a desses povos", garantiu.
O curso terá duração de três anos e meio e será realizado pela Universidade Católica Dom Bosco (UCDB) de Mato Grosso do Sul. A previsão é que as aulas comecem a partir de março do ano que vem. Os 40 alunos da primeira turma serão selecionados pelas lideranças indígenas das etnias.
O programa tem um orçamento previsto na ordem de R$ 2,5 milhões, que serão arrecadados pelos ministérios envolvidos, pelo governo de Mato Grosso do Sul e pela Fundação Nacional do Índio (Funai). Depois dessa primeira etapa, o projeto deve ser expandido em 2007 para a participação dos povos guaranis Kaiua e Ñandeva.
O projeto também tem apoio dos Ministérios da Educação, Desenvolvimento Agrário e Justiça. Estes já garantiram recursos de R$ 1,6 milhão para investimentos no projeto. O vice-governador e secretário de Planejamento do Mato Grosso do Sul, Egon Krakhecke, também participou da apresentação.