Benedito Mendonça
Repórter da Agência Brasil
Brasília – Cerca de 3,5 mil representantes do movimento negro brasileiro de vários estados do país, segundo cálculos do comando da Polícia Militar, estão concentrados em frente à Catedral de Brasília para dar início à marcha Zumbi + 10 Contra o Racismo, pela Igualdade e a Vida.
A passeata acontece uma década depois da primeira e marca os 95 anos da Revolta da Chibata, comandada pelo marinheiro negro João Cândido, no Rio de Janeiro. A expectativa da organização do evento é que aproximadamente 10 mil pessoas compareçam à Esplanada dos Ministérios para participar da marcha e dos eventos previstos para o dia.
Segundo a coordenadora nacional do Movimento Negro e da Comissão Nacional Contra o Racismo, Maria Izabel da Silva, o objetivo é "exigir" do Estado brasileiro a implementação de políticas de combate ao racismo e de promoção da igualdade racial, além do acompanhamento das orientações da Declaração e do Programa de Ação da 3ª Conferência Mundial Contra o Racismo (ocorrida em Durban, África do Sul, em 2001), da regularização de territórios quilombolas e da implementação o projeto de cotas nas universidades brasileiras.
"Por si só, o fato da existência da Seppir (Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial) no governo Lula já é um avanço, pois é um organismo de governo cujo objetivo é a intersetorialidade de ações nos diversos ministérios e secretarias", avaliou Maria Izabel. "No entanto, temos muito a avançar. Precisamos garantir a não violência contra a população negra, combater a intolerância religiosa e acelerar a titulação das terras quilombolas", disse, acrescentando que hoje existem no país 780 territórios quilombolas, "dos quais apenas uma meia dúzia foram regularizados".
A filha do marinheiro João Cândido, Zelândia Cândido, de 81 anos, também participa da marcha. Junto com a organização do evento, ela entregará um dossiê com as reivindicações do movimento negro aos presidentes da Câmara dos Deputados, Aldo Rebelo, e do Senado, Renan Calheiros.