Daisy Nascimento
Repórter da Agência Brasil
Rio - A cautela dos empresários em suas previsões de crescimento para 2006 pode ser vista como uma visão mais realista em relação ao nível de crescimento do setor nos últimos meses. A avaliação é do economista Aloísio Campelo, do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da Fundação Getúlio Vargas (FGV).
Na opinião dele, os resultados da pesquisa Sondagem Conjuntural da Indústria de Transformação, divulgada nesta terça-feira (22) pela FGV, mostram a acomodação das indústrias à atual política econômica. "Parece que a indústria está aprendendo a conviver em um ambiente de política econômica de metas de inflação com uma situação fiscal controlada", avaliou. Este é o quarto ano consecutivo em que a FGV faz o levantamento, com o objetivo de conhecer as expectativas das indústrias para o próximo ano.
Ainda segundo a pesquisa, a expectativa é pior nos segmentos exportadores (como o têxtil e de vendas de borracha), nos quais é forte a influência da valorização da moeda. "A expectativa é de desaceleração na taxa das exportações em função, principalmente, da taxa cambial", afirmou.
Para Campelo, a visão moderada dos empresários para o ano que vem pode ser considerada favorável à medida que demonstra que o setor percebe a necessidade de um ajuste fundamental para que o crescimento possa ocorrer nos próximos meses.
"As previsões para 2005 foram feitas em um ambiente em que a economia estava crescendo muito. Este ano, as previsões estão sendo feitas no momento em que a economia está crescendo pouco", lembrou.