Gil aponta que tecnologia da informação e da comunicação pode combater desigualdades

16/11/2005 - 16h28

Spensy Pimentel
Enviado especial

Túnis (Tunísia) – O ministro da Cultura, Gilberto Gil, chefe da delegação brasileira na Cúpula Mundial sobre a Sociedade da Informação, fez há pouco o discurso oficial do Brasil no evento. A importância do uso das tecnologias da informação e da comunicação (TICs) na geração de desenvolvimento e combate as desigualdades foi o mote da fala de Gil.

"A fase de Genebra, em 2003, consagrou o conceito fundamental de que as tecnologias de informação e comunicação devem ser postas a serviço das metas de desenvolvimento previstas na Declaração do Milênio", disse, durante participação na terceira plenária do evento hoje.

Nesse contexto, o ministro defendeu a importância do software "livre e aberto" como instrumento estratégico para a geração de tecnologias autônomas e no combate a exclusão digital que existe no país. "O Brasil necessita buscar produtos inovadores e padronizar soluções tecnológicas baseadas em modelos alternativos de licenciamento e em plataformas abertas."

A defesa que Gil fez do software livre contrasta com a indefinição dos documentos que devem resultar da cúpula. Desses documentos, o que deve constar é uma menção a importância do software livre, lado a lado com citação sobre o software proprietário.

Gil lembrou que, entre os 170 milhões de brasileiros, só 30 milhões tem acesso a computadores. "O software livre e aberto e alternativa essencial para países em desenvolvimento que, como o Brasil, lutam contra a escassez de recursos para as políticas publicas", disse o ministro.

"As vantagens do software livre são enormes, variando da redução de custos a geração de empregos", completou, lembrando ainda que o Brasil vem tecendo acordos de cooperação nessa área com paises da América Latina e da África.

No campo da governanta da internet, Gil lembrou que o Brasil defende os princípios de multilateralismo, transparência e democracia, por isso apoiou a proposta que deve originar o Fórum da Governança da Internet, a ser implantado em 2006.

"Na verdade, o Brasil pouco mais faz que sugerir que a governança da internet observe os mesmos princípios que orientaram a criação e norteiam a atuação do comitê gestor da internet no Brasil", completou, em referencia ao gerenciamento participativo que já existe no país.

No discurso, Gil destacou ainda iniciativas brasileiras no sentido de utilizar as novas tecnologias a serviço do cidadão e da democracia. Lembrou o programa de Governo Eletrônico, bem como a utilização das TICs em campos como as eleições, com as urnas eletrônicas, a arrecadação de impostos, a Previdência Social e o Sistema Único de Saúde. No campo da inclusão social, mencionou os programas de inclusão digital e de acesso a cultura digital.

Gil disse também que o evento em Tunis marca "o ingresso das Nações Unidas no século 21". "No ano em que se celebram os 60 anos de sua fundação, as Nações Unidas oferecem, por intermédio da realização da CMSI, nova prova do seu potencial de instrumento e agente de renovação".