Projeto do BID não envolve comunidades tradicionais da mata atlântica, critica ONG

15/11/2005 - 9h59

Fernanda Muylaert
Da Agência Brasil

Brasília – O projeto de desenvolvimento do ecoturismo na região do Vale do Ribeira, no litoral sul paulista, sofreu críticas de Nilto Tatto, coordenador do Instituto Socioambiental (ISA) para a área. Segundo ele, apesar das boas propostas para o desenvolvimento sustentável do meio ambiente, o projeto não contempla a participação direta de comunidades tradicionais.

Além disso, Tatto critica a licitação para construir dentro dos parques, de resorts, restaurantes e lojas. "Por mais que se capacite uma população tradicional, ela sempre perderá espaço na exploração do ecoturismo para profissionais terceirizados", argumenta.

O coordenador do projeto, Sérgio Salazar, defende que o governo de São Paulo trabalhará na linha "das oportunidades para todos". "Qualquer interessado poderá participar do processo de licitação. Faremos a capacitação das comunidades e caso elas percam para grandes empresas inscritas, essas empresas terão de provar que vão contratar membros das comunidades locais e que vão investir no entorno, sem prejudicar a população da área", afirma.

De acordo com Salazar, serão investidos R$ 1,5 milhão em capacitação para essas comunidades. "Queremos que elas tenham capacidade para participar de pequenos negócios na região. Esse é o nosso desafio e o nosso compromisso", ressalta.

O projeto, de duração de quatro anos, e previsão de pagamento para vinte anos, foi aprovado pelo Conselho Administrativo do BID e deverá ser implementado no Vale do Ribeira e em Ilhabela (litoral paulista) a partir de 2006, depois de passar pelo aval do Senado Federal e ser assinado pelo governador de São Paulo, Geraldo Alckmin.