Norma Nery
Repórter da Agência Brasil
Rio - A União das Associações e Cooperativas de Pequenos Produtores Rurais do Estado do Rio de Janeiro (Unacoop) deve iniciar uma campanha de mobilização de agricultores em vários municípios, com o objetivo ampliar o número de filiados de 100 para 600, no próximo ano.
A instituição, vinculada ao Programa Fome Zero, também integra o Compra Direta Local, uma das iniciativas do Programa de Aquisição de Alimentos da Agricultura Familiar, desenvolvido pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), em parceria com os ministérios da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e do Desenvolvimento Agrário. O Compra Direta Local visa a garantir renda ao agricultor familiar, inserindo-o no mercado de forma mais justa, via compra direta de sua produção a preço de mercado.
De acordo com o presidente da Unacoop, Josimar de Oliveira Pacheco, o aumento do número de associados se tornou possível depois que a prefeitura do Rio recebeu o aval do governo federal para cadastrar mais 500 pequenas áreas rurais para integrar o programa, que serão reconhecidas como propriedades de agricultura familiar e receberão a declaração de aptidão, concedido pelo Pronaf, uma das exigências do Compra Direta.
A Unacoop atua em 49 municípios, mas concentrará a ação nas regiões norte e noroeste do estado, onde os produtores receberão aulas de capacitação de produção. Pacheco explicou que as 100 filiações atuais da união reúnem perto de oito mil famílias. Segundo ele, o crescimento fortalecerá a representação, mas beneficiará principalmente, o agricultor que consegue elevar seus ganhos em 30%, em média, sem depender do atravessador, com seus produtos sendo comercializados pela prefeitura que os distribui para creches, asilos e abrigos.
Todos os agricultores familiares que participam do projeto são assentados da reforma agrária. Pacheco é assentado desde 1991, na Associação de Produtores Rurais Unidos e Assentados da Fazenda Batatal, em Mangaratiba. Ele produz banana, quiabo, feijão, mandioca, jiló e coco. O restante da produção, que não é enviada ao Compra Direta, é vendido em feiras e em casa.
"As pessoas vão lá na propriedade comprar também. Todos os dias tem gente lá em casa. Eu 'tô marejando' (sonhando) que vai ser tipo um eco-turismo. As pessoas vão à propriedade comprar e, pro futuro, fazer uma mini-pousadinha, que quem quiser ficar fica. Lá a gente colhe os produtos na hora, a pessoa chega e diz que quer couve e a gente colhe na hora" explicou o produtor.
Pacheco disse que o projeto Compra Direta incentivou o agricultor a permanecer na propriedade a abriu novos caminhos para a agricultura familiar, que está produzindo mais. "A gente está tentando crescer. A gente vai fortalecer os agricultores, porque há muitos produtos e muitos produtores precisam desse apoio", disse. Segundo ele, é possível que a cooperativa faça outros convênios. "A gente não fornece só para a prefeitura. Hoje já estamos trabalhando com restaurantes orgânicos e entregamos para instituições como o Banco da Providência", revelou Pacheco.