Brasília, 10/11/2005 (Agência Brasil - ABr) - A ex-secretária de Marcos Valério Fernanda Karina Somaggio disse hoje, no Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara, que não tomou conhecimento do suposto pagamento de R$ 120 mil ao deputado José Mentor (PT-SP) pela empresa 2S Participações, pertencente a Valério.
Segundo o relatório preliminar das comissões parlamentares mistas de inquérito (CPMIs) dos Correios e da Compra de Votos, o deputado recebeu, por intermédio de seu escritório de advocacia José Pereira Melo Associados, a quantia citada da 2S Participações. O pagamento teria sido feito pelo escritório Tolentino, Melo e Associados pela elaboração de pareceres jurídicos.
Karina confirmou que, em 2003, foi obrigada pelo patrão a triturar 25 pastas de documentos sem tomar conhecimento de seu conteúdo. A ex-secretária disse que não teve permissão de Valério para fazer uma triagem dos papéis, que foram todos destruídos. De acordo com Karina, havia entre os documentos inclusive certidões de nascimento originais dos filhos de Valério.
"Ele chegou um dia ao escritório da SMP&B muito exaltado, afirmando que tinha recebido um telefonema do pessoal do Banestado e que eu deveria pegar algumas pastas e triturar os documentos que se encontravam nelas", contou a ex-secretária. Ela disse que naquele dia Marcos Valério havia conversado com José Augusto Drummond, então vice-presidente do Banco Rural, e garantido que "o pessoal da CPI do Banestado havia dito que não haveria problemas para ele". Karina observou que alguns documentos, "em papel fino e colorido", pareciam ser notas fiscais. Na época da "queima de arquivo", José Mentor era relator da CPI do Banestado.
Ao sair da reunião do Conselho de Ética, o deputado se disse "tranqüilo" quanto à absolvição no processo movido contra ele por quebra de decoro parlamentar, uma vez que os R$ 120 mil recebidos da 2S Participações estão devidamente documentados como serviços prestados, e não como caixa 2 de campanha.
"Ela [Fernanda Karina Somaggio] reafirmou que não havia nenhum telefonema meu pedindo destruição de documentos, e os R$ 120 mil são serviços profissionais do meu escritório que foram contratados, prestados e pagos", disse José Mentor.
O deputado afirmou que não é amigo de Marcos Valério, embora tenha tido algumas reuniões de trabalho e trocado alguns telefonemas com ele. "Meus amigos freqüentam a minha casa", disse Mentor. Ele admitiu que discutiu com Valério a campanha de 2004. "Conforme a própria Karina confirmou, Mococa e Casa Branca são as cidades em que eu trabalhei em 2004".