Priscilla Mazenotti
Enviada especial

Mar del Plata (Argentina) – Representantes feministas, dos povos indígenas, do meio ambiente, de direitos humanos, de portadores de necessidades especiais e de desempregados estiveram reunidos hoje (3) com ministros das Relações Exteriores dos países participantes da 4ª Cúpula das Américas. Eles debateram pontos que serão incluídos na Declaração de Mar del Plata, ao final do encontro.

A representante do Centro de Direitos Humanos e Ambiente da Argentina, Ángeles Pereira, lamentou que, na declaração, o Protocolo de Kyoto não será citado. "Há temas que são discutidos politicamente e outros não", apontou. Entretanto, Ángeles comemorou o fato de, pela primeira vez, uma Cúpula das Américas estar aberta para a participação de movimentos sociais.

A representante do grupo de desempregados Barrios de Pie, Silvia Ferreira, disse que a cúpula é um momento de diálogo com a sociedade "para criar e conversar sobre os caminhos de um continente igual para todos".

Os representantes da sociedade civil ainda se posicionaram contra a Área de Livre Comércio das Américas (Alca) e contra a presença do presidente norte-americano, George W. Bush, na Cúpula. "A posição dos movimentos é que o governo se retire das negociações da ALCA e rechaçamos a vinda de Bush", disse Silvia Ferreira. O relatório final da cúpula será assinado pelos 34 chefes de estado que participam do encontro.

As negociações do conteúdo da declaração de Mar del Plata são feitas desde o início da semana. Primeiramente, há conversas entre os representantes do governo e depois entre os ministros das Relações Exteriores dos países que participam da Cúpula.

O ponto mais polêmico do relatório é a inclusão da Alca. O México é favorável a uma reunião ministerial no primeiro semestre do ano que vem para reiniciar as negociações do bloco econômico – paradas desde o ano passado.

Já os países do Mercosul querem, antes de marcar uma data para recomeçar as negociações, promover uma maior integração econômica e comercial. A idéia é que não é produtivo retomar as negociações sem pontos pré-definidos.

No primeiro dia de negociações, os integrantes da cúpula não chegaram a um acordo sobre o assunto. É possível que a inclusão (ou não) da Alca no relatório seja decidida pelos próprios presidentes.