Juliana Cézar Nunes
Repórter da Agência Brasil
Brasília – A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos Correios vai convocar diretores e gerentes do Banco do Brasil para esclarecer irregularidades nos repasses que o banco fez no Fundo de Incentivo da Visanet – recursos compartilhados pelos sócios da Visanet para divulgação da empresa.
Segundo o banco, uma auditoria interna detectou que R$ 9 milhões que haviam sido encaminhados para a agência de publicidade DNA não tinham seus gastos comprovados. Hoje (3), o relator da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos Correios, Osmar Serraglio (PMDB-PR) disse que as investigações apontam que os R$ 9 milhões teriam sido repassados ao PT, por meio de operações do empresário Marcos Valério de Souza com o banco BMG.
O relator da CPMI quer saber se os diretores e gerentes que passaram pela empresa desde 2003 sabiam do esquema. Serão chamados para depor principalmente aqueles que autorizaram a concentração de 1/3 dos serviços de publicidade da Visanet na DNA e permitiram que fossem feitos pagamentos adiantados.
"Está provado que a origem do dinheiro do valerioduto não é os empréstimos. Eles mascaram um direcionamento de recursos com interesses políticos feitos por empresas estatais, com dinheiro público", afirma Serraglio. O deputado acredita que funcionários do BB. que estejam envolvidos no repasse do dinheiro de Valério para o PT, podem ser indiciados por corrupção, peculato e até formação de quadrilha. "Já conseguimos provar que a triangulação conteceu no Banco do Brasil. Agora, vamos investigar o mesmo esquema em outras estatais."
Entre os gerentes do BB que devem ser chamados para prestar esclarecimentos estão Cláudio Vasconcelos, Douglas Macedo e Léo Batista dos Santos, responsáveis por gerências executivas, além do ex-diretor de Marketing, Henrique Pizzolato, e o ex-diretor de varejo, Fernando Oliveira. Todos eles assinaram documentos que permitiram a transação comercial entre a Visanet e a DNA.
Na operação investigada pela CPMI, Valério primeiro teria transferido para o BMG o dinheiro recebido pela Visanet, a pedido do Banco do Brasil, e depois teria pego o recurso como empréstimo no banco mineiro. A comissão de inquérito investiga se o valor repassado a Marcos Valério não é o mesmo de empréstimo do BMG ao PT – cerca de R$ 10 milhões. O banco mineiro também deve ser chamado para prestar esclarecimentos à CPMI dos Correios.