Andes lamenta atraso do MEC na entrega de proposta para fim da greve dos professores universitários

03/11/2005 - 17h15

Érica Santana
Repórter da Agência Brasil

Brasília, 3/11/2005 (Agência Brasil - ABr) - O comando nacional da greve dos professores universitários ainda não recebeu a proposta do Ministério da Educação (MEC) para pôr fim ao movimento. Amanhã (4) de manhã, representantes do Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes-SN) reúnem-se com o secretário executivo adjunto do MEC, Ronaldo Teixeira.

Segundo um dos diretores do Andes, Jacob Paiva, até a tarde de hoje (3), o sindicato ainda não tinha tido acesso ao documento, que deveria ter sido entregue segunda-feira (31). Ele lamentou o fato de o MEC ter dado prazo até segunda-feira para entregar a nova proposta e, até o momento, não ter feito isso. De acordo com Paiva, o secretário executivo, Jairo Jorge, teria dito que a nova proposta "contemplaria os três eixos principais que o sindicato apresentou: paridade e isonomia; criação da classe de professor especial e associado e a questão do reajuste da inflação".

Paiva disse que, por causa do atraso, não deverá ser fechado qualquer acordo para por fim à greve amanhã (4). "Como isso não aconteceu, evidentemente o governo, se quer continuar no processo de negociação de forma democrática, tem que ampliar o prazo da negociação, uma vez que amanhã nós não teremos possibilidade de levar uma resposta da categoria para o governo", explicou. Ele calcula que serão necessários mais dois dias para que, depois da análise do Comando Nacional de Greve, a categoria, em cada estado, possa analisar a proposta e indicar uma posição sobre os rumos do movimento.

A assessoria de imprensa do MEC informou que a proposta deve ser encaminhada ainda hoje ao sindicato. Segundo a assessoria, a proposta apresentada anteriormente aos professores será reiterada amanhã. Paiva ressaltou, no entanto, esperar que ela vá ao encontro do que vinha sendo acordado nas últimas discussões . "O MEC apresentou, por duas vezes, uma proposta que foi esmagadoramente rejeitada pela categoria em todo país. Nós fomos ao ministério dizer que não cabia mais apresentar essa proposta e que esperávamos que a próxima proposta pudesse responder à pauta de reivindicação que foi protocolada no MEC", acrescentou o sindicalista.

Ele informou que, depois de receber a proposta do MEC, o comando de greve deverá se reunir, fazer a avaliação, enviar para a categoria e solicitar a realização de rodadas de assembléia até terça-feira (8). "A partir do retorno das assembléias é que se consolidará a posição dos sindicatos nacionais", explicou.

A greve atinge 37 das 56 instituições federais de ensino. Os professores universitários querem reajuste salarial de 18%, incorporação da gratificação de estímulo à docência e o retorno do pagamento de adicional por tempo de serviço, o chamado anuênio, que representa aumento de 1% ao ano. Segundo o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), existem hoje no Brasil 230 mil docentes em universidades federais; 35% com mestrado e 21% com doutorado.