Juliana Cézar Nunes
Repórter da Agência Brasil
Brasília – Hoje (1), por quase três horas, o empresário Marcos Valério de Souza esteve reunido em uma sala da biblioteca do Senado Federal com quatro integrantes da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito da Compra de Votos. Segundo os parlamentares que estiveram na reunião, Valério foi ao Congresso Nacional a pedido da própria comissão e reafirmou boa parte das declarações dadas anteriormente em seus depoimentos e na acareação da semana passada, principalmente as referentes aos valores repassados.
O empresário também ajudou a CPMI na identificação de pessoas citadas nas listas de pagamentos e na acareação. Entre esses nomes estão o do diretor do BMG, Cristiano Melo Vaz, e do ex-candidato do PTB a vereador por Ipatinga (MG), Luíz Carlos Faria. A comissão agora busca mais informações sobre Fernando César Pereira, Newton Vieira Filho e Francisco de Assis Novaes.
O relator da CPMI da Compra de Votos, deputado Ibrahim Abi-Ackel (PP-MG), que participou da reunião, disse que essas pessoas já foram procuradas "em uma primeira diligência na relação dos funcionários de parlamentares e não encontramos nenhuma referência. Agora, intensificaremos as buscas com a ajuda da Polícia Federal para saber que pessoas são essas, para quem trabalham. Se tiverem vínculo com algum parlamentar, teremos que chamá-los para prestar esclarecimentos".
O presidente da comissão, senador Amir Lando (PMDB-RO), que também esteve com Valério, acredita que esta reunião com o Marcos Valério pode ser considerada uma "colaboração válida na busca pela verdade". Lando não descarta a possibilidade de convidar Valério para outros esclarecimentos: "Ele apontou caminhos, disse como a CPI pode encontrar ou não a confirmação das informações. Segundo ele, está tudo na contabilidade, na massa informações que a CPI já tem a disposição."
Outro integrante da CPMI a participar da reunião, o senador Rodolpho Tourinho (PFL-BA) explica que Valério é capaz de explicar a "prática" do esquema, investigado na "teoria" pelos técnicos do Senado e pelos auditores externos. Tourinho está convencido de que o "esquema" de Marcos Valério movimentou R$ 55 milhões. Desses, R$ 30 milhões teriam sido destinados ao PT e, o restante, aos partidos da base aliada. "Agora, vamos em busca de outras fontes de financiamento. Estou certo de que o Marcos Valério não é a única fonte de recursos utilizada pelo PT", afirmou Tourinho. O senador Romeu Tuma (PFL-SP) também participou do encontro.