Rio, 27/10/2005 (Agência Brasil - ABr) - A população de Brasília é a que considera menos violento o local onde vive e a de Belém, a mais insatisfeita com os índices de violência em sua cidade. Esse é um dos resultados de um levantamento feito pela Fundação Getúlio Vargas Projetos (FGV Projetos), divulgado hoje no Rio.
A pesquisa, realizada em 26 capitais, além de Brasília, com base na Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF)-2002/2203, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostra que as pessoas com maior nível de renda e de escolaridade percebem mais a violência. O coordenador da pesquisa, professor Fernando Blumenschein, disse que uma das hipóteses para que isso ocorra seria o fato das pessoas se acostumarem com a violência ou permanecerem a maior parte do tempo dentro de casa.
Segundo ele, essa avaliação poderia ser explicada, entre outros aspectos, pelos dados que mostram que quanto maior a idade menor a percepção da violência, ao mesmo tempo em que as pessoas com renda de até R$ 300 não apontam a violência como o maior problema que enfrentam, com exceção da população das cidades de Natal, Recife, Vitória e Porto Alegre.
Os dados foram coletados e analisados, levando em consideração renda, sexo, escolaridade, idade média e moradores da região metropolitana, e mostram que, em se tratando de violência, a insatisfação é maior para pessoas de cor, mulheres e para quem vive nas regiões metropolitanas, que têm aproximadamente três vezes mais chance de perceber a violência que a população de outros centros urbanos.
O estudo definiu cinco níveis de renda: classe "A", salários acima de de R$ 7.481; classe "B", salários de R$ 1.835 a R$ 7.481; classe "C", de R$ 1.041 a R$ 1.835; classe "D", de R$ 300 a R$ 1.041; e classe "E", até R$ 300.
Em todas as classes, de capital para capital, houve variação acentuada do item que causou o maior nível de insatisfação, que foi influenciada pelo nível de renda do domicilio investigado.
Na classe "A", a insatisfação está concentrada nos problemas com a prestação de serviços públicos; violência e vandalismo, e problemas de rua e com vizinhos. No Rio de Janeiro, o maior problema nessa faixa de renda são as brigas com vizinhos.
Na classe "B", o maior nível de insatisfação é com problemas de drenagem e com o escoamento da água da chuva - especialmente nas regiões Norte e Nordeste - e com a violência.
Para a classe "C", nas regiões Norte e Nordeste, a insatisfação é com problemas de drenagem e escoamento da água da chuva, enquanto que nas demais regiões, a percepção da violência é maior; o mesmo acontece com quem se enquadra na classe "D".
Na população mais pobre do país, o que chama atenção, segundo o coordenador da pesquisa, é o fato de que, em toda a região Norte, a maior insatisfação é com problemas de drenagem e escoamento da água da chuva, enquanto a violência praticamente não aparece, nem mesmo entre os moradores do Rio de Janeiro, que apontaram as condições de moradia da família como principal motivo de insatisfação.