Indústria paulista cresce menos em setembro, aponta Fiesp

27/10/2005 - 14h49

Marli Moreira
Da Agência Brasil

São Paulo – A indústria paulista reduziu o ritmo de atividade em setembro último, segundo o levantamento de conjuntura realizado pela Federação e Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp e Ciesp). Houve um recuo de 2% sobre agosto passado sem ajuste sazonal. Ou seja sem considerar variações causadas por efeitos característicos do período como, por exemplo, o fato deste mês ser, tradicionalmente, mais fraco do que o anterior.

O resultado também foi negativo na comparação com setembro de 2004, com diminuição de 2,3%, e no cálculo com ajuste sazonal, de 1,2%. Já, no acumulado do ano, o desempenho manteve-se em alta de 2,6%, mas inferior aos oito meses anteriores, quando o Indicador de Nível de Atividade (INA) havia crescido 3,3%. "A luz amarela que vinha piscando desde o final do segundo trimestre, agora, já está mudando para o vermelho", disse o diretor do Departamento de Economia da Fiesp, Paulo Francini, para ilustrar que o setor começa a dar sinais de desaceleração.

Ele argumentou que a pesquisa confirma uma tendência desfavorável na atividade,no curto prazo, apesar de a indústria ter mantido o aumento nas vendas, no acumulado desde janeiro, em 13%, percentual semelhante ao alcançado do começo do ano a agosto passado. Na variação mensal, há uma queda de 0,8%, e sobre setembro de 2004, as vendas cresceram 12,7%. Entre os setores pesquisados, a indústria automobilística foi a que mais perdeu fôlego na comparação sobre o mês anterior, com uma diminuição de 5,1% na atividade.

De janeiro a setembro, manteve alta de 4,9%, um pouco abaixo do acumulado anterior, que indicava expansão de 5,8%. O setor de alimentos e bebidas sofreu retração de 2,9% sobre agosto e de 11,7% no acumulado do ano, e de material eletrônico e equipamentos de comunicação, queda de 3,3%. Já na indústria de máquinas e equipamentos a queda foi menor do que a registrada nos demais, com variação negativa de 0,5%.

Tanto Francini quanto o diretor do Departamento de Economia do Ciesp, Boris Tabacof, atribuíram o processo de desaceleração à política de juros altos do banco Central e aos efeitos da cotação do dólar em baixa sobre as empresas exportadoras. Para Francini, o gradual declínio da taxa básica de juros, a Selic, ainda não atende as expectativas do setor. "Os efeitos, nos últimos meses, são de uma espécie de veneno em doses cumulativas", queixou-se.

Já Boris Tabacof argumentou que a indústria está preocupada com o "esgotamento da capacidade de renda das pessoas físicas provocado pela corrida ao crédito consignado". Questionado sobre os setores que projetam "um natal excelente" nas vendas do comércio varejista entre os quais está a Associação Brasileira dos Supermercados- Abras- lamentou que "este vai ser o Natal dos importados". Ele citou como exemplo as castanhas portuguesas e vinhos franceses.