Famílias sem-teto permanecem acampadas em terreno em Taboão da Serra (SP)

27/10/2005 - 15h37

Flávia Albuquerque
Repórter da Agência Brasil

São Paulo – Cerca de 5 mil pessoas permanecem acampadas no centro da cidade de Taboão da Serra, município da grande São Paulo. Elas fazem parte do grupo de 1.300 famílias que não têm habitação. No dia 1º deste mês, as 1.300 famílias ocuparam o local.

Os sem-teto ocupam um terreno de 120 mil metros quadrados particular, acampados em barracas e cômodos improvisados. Em cerca de 20 dias terá terminado o prazo para que elas deixem a área. No dia 10, a juíza da 2ª Vara Distrital de Taboão da Serra, Comarca de Itapecerica da Serra, Daniela Ximenes, decretou a reintegração de posse a Paulo Colombo, dono da empresa Intra Construtora e proprietário do terreno.

Os coordenadores do movimento alegaram, no entanto, que o terreno estava abandonado e servia até para tráfico de drogas, cativeiro de seqüestros, estupros e ocultação de cadáveres. Além disso, argumentam que o proprietário possui uma dívida de cerca de R$ 500 mil em impostos com a prefeitura e que a própria prefeitura afirmou não ter estrutura para realizar um despejo dessa magnitude.

A ocupação, que recebeu o nome de Chico Mendes, começou em 30 de setembro e permanece mesmo depois da concessão da liminar judicial de despejo.

Nesta semana, um grupo de cerca de 100 pessoas do Movimento de Trabalhadores Sem-Teto (MTST) deixou o acampamento e montou barracas diante do prédio da prefeitura municipal, para pedir uma intervenção municipal e a desapropriação do terreno para a construção de moradias.

A assessoria de imprensa da prefeitura informou hoje (27), à Agência Brasil, que os manifestantes foram recebidos pelas autoridades que explicaram "ser impossível a interferência por falta de recursos para a desapropriação". A assessoria disse, contudo, que a prioridade é atender a moradores da cidade.

O grupo deixou o local no final da tarde de ontem, após a prefeitura entrar com uma representação no fórum local solicitando a saída, alegando obstrução da passagem e prejuízos à prestação de serviços essenciais à população.

De acordo com a coordenadora estadual do MTST, Helena Silvestre, a administração municipal pediu ao movimento que elabore uma pauta de reivindicações a ser analisada pelo prefeito. Silvestre contou que a pauta já terá quatro pontos. "O primeiro é que seja disponibilizada uma área provisória para os ocupantes, enquanto o MTST conversa com as outras esferas de poder (federal e estadual); que a prefeitura abra novamente um canal de negociação com o governo estadual e que a área seja decretada zona especial de interesse social", explicou ela.

A coordenadora disse que o MTST espera negociar. "Não sairemos se não conseguirmos outra área para ficar", afirmou Silvestre. Ela disse ainda que o grupo aguarda uma resposta sobre uma nova reunião e que "se a resposta não for dada os manifestantes ocuparão área frontal da prefeitura novamente".

Segundo os coordenadores do movimento, o Ministério das Cidades se comprometeu a construir as moradias, caso seja providenciado um terreno. Mas de acordo com a secretária de Habitação do município, Ângela Amaral, nem a prefeitura nem o governo do estado dispõem de um terreno que possa ser utilizado por essas famílias.