Vitor Abdala
Repórter da Agência Brasil
Rio – Uma crise atinge os hospitais públicos da região metropolitana do Rio, segundo o presidente da Comissão de Saúde Pública do Conselho Regional de Medicina do Rio (Cremerj), Pablo Vazquez. O médico explicou que as três redes públicas – municipal, estadual e federal – apresentam problemas como a falta de equipamentos e de medicamentos, a carência de pessoal e a superlotação.
"É uma violência que está acontecendo contra a população do Rio de Janeiro, cometida pelas três esferas do governo", avaliou ele.
Na rede municipal, Vazquez apontou como um dos fatos mais graves a falta de medicamentos do Hospital Municipal Souza Aguiar, no centro, que compromete o atendimento na unidade. O hospital, que atende a uma média de mil pessoas por dia e é uma das maiores emergências da América Latina, foi vistoriado hoje (25) por uma comissão do Cremerj.
Já no Hospital Municipal Paulino Werneck, na zona norte, segundo o médico, não há laboratório para exames emergenciais. "Se a pessoa chega ali enfartando, vai ter que esperar o motoboy colher o sangue, levar em outro hospital e contar com a boa vontade desse outro hospital. Aí, o motoboy precisará pegar esse resultado, enfrentar o trânsito para só então entregar ao médico", contou ele.
Vazquez destacou ainda que o Hospital Municipal Salgado Filho, também na zona norte, ganhou uma nova emergência, que vai dobrar a capacidade de atendimento da unidade. No entanto, o setor não pode funcionar porque não tem profissionais para trabalhar ali.
A Agência Brasil falou com a Secretaria Municipal de Saúde sobre os problemas apresentados pelo representante do Cremerj. No caso do hospital Souza Aguiar, disse a assessoria da secretaria, "houve um problema com fornecedores de medicamentos", mas o abastecimento de medicamentos deverá estar normalizado até o final desta semana.
Segundo a assessoria de imprensa, o Hospital Paulino Werneck está com o laboratório fechado por conta de obras em todo o prédio. Os exames estão sendo encaminhados a outras unidades da rede municipal. A emergência, inclusive, está atendendo apenas casos mais graves.
Sobre a falta de pessoal do Salgado Filho, a Secretaria Municipal de Saúde informou que teve grande restrição orçamentária nos últimos anos e que, agora, com as verbas repassadas recentemente pelo Ministério da Saúde, a prefeitura poderá pagar dívidas antigas e começar a contratar pessoal.
Vazquez também destacou problemas na rede estadual de saúde, na qual, segundo ele, faltam médicos, principalmente na especialidade de ortopedia e neurocirurgia. A Secretaria de Saúde do estado informou que recentemente foram convocados vários médicos que haviam sido aprovados no concurso de 2001, o que aumentará o efetivo em suas unidades.
De acordo com o representante do Cremerj, no Hospital Geral de Bonsucesso, da rede federal, na zona norte, a emergência está superlotada. O assessor da direção da unidade, Júlio Noronha, confirmou o fato e disse que a situação tem se agravado nos últimos meses.
"Isso demonstra a falência do sistema de saúde", disse Noronha. "Temos dificuldade, inclusive, de receber pacientes trazidos por outras unidades. Às vezes, a gente fica sem maca. E temos que pedir para a ambulância deixar a maca com o paciente."