Depoimento de ex-deputado não trouxe nada de novo, diz presidente da CPI da Compra de Votos

25/10/2005 - 14h29

Marcela Rebelo
Repórter da Agência Brasil

Brasília – O presidente da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) da Compra de Votos, senador Amir Lando (PMDB-RO), afirmou hoje (25) que o depoimento do ex-deputado pelo PFL do Acre Osmir Lima, até agora, "não trouxe nada" de novo às investigações. "É uma repetição, é uma volta ao passado e uma volta por um caminho que não traz coisas novas", disse Lando.

Hoje, em depoimento na CPMI, Osmir Lima negou que tenha recebido dinheiro para votar a favor da emenda constitucional que permitiu a reeleição de presidente e governador em 1997. "Votei a favor da reeleição porque pessoalmente tinha convicção de que o melhor para o país era o projeto de reeleição. Se o governo estava certo, nada melhor do que continuar", afirmou Lima. Ele disse que votou a favor da emenda a pedido do então governador Orlei Cameli, já que este o considerava "pessoa de confiança". "O pedido que ele me fizesse eu atenderia", disse Lima, deputado, ressaltando que não recebeu dinheiro para isso.

O ex-deputado Osmir Lima chegou a ser investigado, à época, por ser citado em uma gravação como um dos parlamentares que teriam recebido R$ 200 mil para votar a favor da emenda da reeleição. A Comissão de Sindicância da Câmara abriu processo sobre o caso, cujo relator foi o deputado Ibrahim Abi-Ackel (PP-MG) – que também é relator da CPMI da Compra de Votos. O parecer do relator foi avaliado pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Casa e, em 1998, Osmir Lima foi absolvido pelo plenário.

"Trata-se de um personagem que foi submetido a julgamento pela Câmara e foi absolvido", explicou Abi-Ackel. No início do depoimento, Lima disse que foi citado de forma "imprecisa" na gravação e que não existiam "provas concretas" contra ele.

O ex-deputado lembrou que, na época, "havia boatos de que estavam comprando votos tanto de um lado quanto do outro". O relator Abi-Ackel considerou a declaração um fato novo. "Agora é que estamos ouvindo pela primeira vez essa declaração de que teria havido também tentativa dos dois lados: tanto para impedir quanto para aprovar (a emenda de reeleição)", afirmou Abi-Ackel. .

Também estava previsto para hoje na CPMI da Compra de Votos o depoimento do ex-deputado Chicão Brígido, igualmente citado na gravação como um dos deputados que teriam recebido dinheiro para votar a favor da emenda da reeleição. O depoimento foi cancelado. Segundo o advogado do ex-deputado, Michel Saliba, Brígido não compareceu porque não foi notificado oficialmente.

Ibrahim Abi-Ackel disse que a secretaria da CPMI e a Polícia Federal procuraram Chicão Brígido para notificá-lo, mas ele não foi encontrado. "O Chicão Brígido fugiu à intimação", afirmou o relator. Ainda não foi marcada nova data para o depoimento de Brígido. Ele era deputado pelo PMDB do Acre.