Avicultura pode usar modelo pecuário que impede transferência de animais vivos, diz associação

25/10/2005 - 15h41

Cecília Jorge
Repórter da Agência Brasil

Brasília – A partir de 2006, a produção brasileira de aves deverá seguir o modelo adotado pela pecuária. Com a regionalização da atividade, a transferência de animais vivos ficará proibida, facilitando o controle de surtos de doenças como a gripe aviária.

Segundo o vice-presidente da União Brasileira de Avicultura (UBA), Ariel Mendes, a proposta foi discutida hoje em reunião com empresários e ministros da Agricultura, Roberto Rodrigues, e do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Luiz Fernando Furlan.

O encontro teve o objetivo de estabelecer um trabalho conjunto entre governo e iniciativa privada para evitar a entrada da gripe aviária no Brasil.

De acordo com Mendes, a proposta de regionalização foi apresentada há um ano pelo setor ao Ministério da Agricultura – que já tem um cronograma para adotar esse programa. "O ministro hoje assumiu o compromisso de implementar esse programa em 15 de dezembro deste ano", disse Mendes.

Um novo surto da gripe aviária apareceu no sudeste da Ásia e começa a se espalhar para outros países, como Rússia e Grécia. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), já foi confirmada a transmissão da doença para 36 pessoas.

Segundo Ariel Mendes, "ao facilitar o controle de eventuais surtos como a gripe aviária", o programa de regionalização permite a continuidade das exportações por parte dos estados não atingidos pela doença. "Se der um surto em um determinado estado você preservaria os outros estados exportando", afirmou.

Ariel Mendes explicou que, no caso da avicultura, a produção deverá ser desenvolvida isoladamente em cada estado. "Cada estado funcionaria como se fosse um país, não entra nada e não sai nada, só carne de frango", afirmou. Segundo ele, o programa será implantado a partir de janeiro de 2006 em sete estados – Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul e Goiás – e no Distrito Federal.

Poderão ser comercializadas livremente apenas a carne de aves e a produção de ovos. A única exceção para a troca de animais vivos será para as matrizes genéticas (filhotes). Para isso, os filhotes terão que ser originários de uma granja certificada pelo Ministério da Agricultura, com atestado negativo para gripe aviária.

Os caminhões com as aves só poderão circular, segundo Mendes, em determinadas estradas, o chamado corredor sanitário, e terão que passar por postos de fiscalização na divisa dos estados. "O ministério já definiu os corredores e os postos de controle nas divisas", contou.

Em 1º de janeiro de 2007, Mendes disse que o cronograma prevê a implantação do programa em Mato Grosso e, em 2008, nos demais estados da região Norte e Nordeste, além do Rio de Janeiro e Espírito Santo.

Uma outra medida definida durante a reunião foi a instalação de detectores de matéria orgânica nos aeroportos. Os passageiros e as bagagens vindas de países com a ocorrência da doença teriam que passar pelo detector.

A proposta é adotar também mecanismos de incineração das sobras dos alimentos servidos nos aviões. As medidas terão que ser negociadas com a Infraero para serem adotadas. Mecanismos de controle semelhantes devem ser implementados também nos portos brasileiros.