Cecília Jorge
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A pesquisadora Bárbara Soares, do Centro de Estudos de Segurança e Cidadania (Cesec) da Universidade Cândido Mendes, afirmou que a vitória do "não" no referendo sobre a proibição da venda de armas de fogo e munição pode enfraquecer o Estatuto do Desarmamento, que prevê regras mais rigorosas para a compra e porte de armas. "Tenho medo de que, a partir de agora, comecem ações no sentido de questionar certos dispositivos do estatuto", disse a pesquisadora em entrevista à Rádio Nacional AM.
"É preciso valorizar e consolidar o estatuto justamente a partir do momento em que a população disse não à proibição do comércio de armas", defendeu. Apesar de reconhecer que a proibição do comércio de armas de fogo não seria uma "solução mágica", Bárbara disse que essa seria uma oportunidade para a sociedade discutir um processo de paz. "Acho que a gente corre o risco de, a partir de agora, abrir portas para um processo de conservadorismo, de retrocesso em termos de conquistas democráticas, que já foram consolidadas".
Bárbara Soares disse que é preciso analisar o recado dado pela população nas urnas. Segundo ela, a decisão popular de votar contra a proibição do comércio de armas revela a insatisfação social com a política de segurança pública no país. "Acredito que o voto no ‘não’ é um voto nesse sentido, de uma manifestação de insatisfação com a ausência de uma política de segurança. É também um voto no medo, desesperança, um voto na insegurança".