Interesse mundial por biocombustível é "chance histórica para Brasil", diz Sachs

24/10/2005 - 18h59

Lílian de Macedo
Repórter da Agência Brasil

Brasília – O economista Ignacy Sachs afirmou hoje que há um interesse mundial pela produção de biocombustíveis – o combustível que é feito a partir de produtos renováveis, como cana-de-açúcar. Segundo ele, isso dá uma "chance histórica" ao país para desenvolver não só sua economia. "Podemos gerar efeitos sociais com um novo ciclo de desenvolvimento rural", afirmou. Sachs disse que dados mostram que 42% da força de trabalho está no campo. Segundo ele, a produção de biocombustível é uma forma de garantir emprego de qualidade a essas pessoas.

O país ainda teria uma "vantagem comparativa permanente", na visão do professor da Escola de Altos Estudos em Ciências Sociais na França. "O clima tropical", afirmou. O economista fez uma palestra hoje (24) na 8ª plenária do Projeto Política Nacional de Apoio ao Desenvolvimento Local, que ocorreu em Brasília.

Ignacy Sachs ressaltou que a substituição de petróleo por biocombustíveis pode ocorrer de duas formas: com ou sem homens. "A mudança pode ser feita com uma agricultura totalmente mecanizada ou como uma oportunidade para colocar no centro do debate um novo ciclo de desenvolvimento rural. A biomassa produz fármacos, cosméticos, material de construção, entre vários outros produtos. Tudo isso gera empregos", acentuou.

O economista acrescenta algumas vantagens no consumo de biocombustíveis, como a independência das variações do petróleo, redução da poluição ambiental e baixo custo de produção. "Acordem, há uma chance histórica para o Brasil, que tem experiências acumuladas ao longo de 30 anos com o Pró-Álcool e a maior biodiversidade do mundo – como amplas reservas de solos produtivos, recursos hídricos e climas diversificados.", alertou.

Ignacy Sachs estima que o custo do litro do etanol brasileiro equivale a 0,20 euros. A produção do mesmo litro nos Estados Unidos representa 0,30 Euros e na Europa, 0,50 euros. "Além disto, o álcool americano é feito do milho, que tem um produto energético que rende somente 20% a mais do que é gasto para produzi-lo. No caso da cana de açúcar, o rendimento é de 700%".

Sachs acrescenta que o país precisa agir rapidamente para não ser superado por outros competidores que dispõem de condições menos favoráveis, porém com maior poder de mobilização. "Durante a Segunda Guerra Mundial, os Estados Unidos lançaram o projeto Manhattan para construir a bomba atômica. É o caso de lançar um projeto Manhattan caboclo de agroenergia", sugeriu.