Alessandra Bastos
Repórter da Agência Brasil
Brasília – Em depoimento, hoje pela manhã à Polícia Federal, o deputado José Dirceu (PT-SP) negou que tenha comandado um esquema de compra de votos no Congresso Nacional para aprovar projetos do governo federal. Dirceu disse que são de responsabilidade do então tesoureiro do PT, Delúbio Soares, os empréstimos feitos pela legenda junto ao empresário Marcos Valério de Souza.
As informações sobre o depoimento são da Polícia Federal. Dirceu foi apontado pelo ex-deputado Roberto Jefferson de ser o mentor de um esquema de pagamento de mesadas a parlamentares, o chamado "mensalão".
O depoimento foi prestado na casa do deputado, em Brasília, já que ele possui foro privilegiado e pode escolher o local e o horário para depor. O deputado respondeu aos questionamentos do delegado, Luiz Flavio Zampronha, acompanhado de um advogado.
De acordo com a polícia, o deputado negou conhecer o mecanismo utilizado por Delúbio para repassar recursos a outros membros do partido e diz que só ficou sabendo do esquema, quando veio a público pelas declarações de Roberto Jefferson.
Ele contou à polícia que participou de discussões para fechar acordos políticos com o PL, mas não financeiros. O deputado negou conhecer qualquer acordo para a distribuição de recursos e citou Delúbio Soares ao dizer que as questões financeiras eram de responsabilidade do departamento financeiro.
Ele afirmou desconhecer o caixa dois do partido e as transferências de recursos, mas sabia que o PT havia feito dois empréstimos legais, desconhecendo os valores, os motivos e a forma como foram feitos.
Segundo a polícia, ele não se lembra como conheceu o empresário Marcos Valério. Mas admitiu que recebeu Valério em seu gabinete na Casa Civil, acompanhado de outros empresários e representantes de empresas.
A polícia destaca que as declarações feitas hoje pelo deputado são muito parecidas ao que ele vem afirmando e que o nome dele surgiu, durante as investigações, em vários momentos e diferentes depoimentos, como o de Roberto Jefferson e do próprio Marcos Valério.