Secretário avalia que acordo para explorar soja não transgênica pode valorizar agricultura familiar

20/10/2005 - 18h30

Érica Santana
Repórter da Agência Brasil

Brasília – "É muito importante que, em um país como o nosso com uma agricultura familiar tão potente, existam lá fora mercados que garantam preço para os nossos produtos não transgênicos produzidos pelos agricultores familiares brasileiros", disse o secretário-executivo do Ministério do Desenvolvimento Agrário, Guilherme Cassel.

Hoje (20) ocorreu a assinatura do protocolo de parceria da Federação dos Trabalhadores da Agricultura Familiar da Região Sul (Fetraf Sul) com o grupo europeu GM-Free Network para a comercialização da soja não transgênica brasileira produzida pelos agricultores familiares.

"Nós temos uma agricultura familiar muito forte que responde por 10% do Produto Interno Bruto (PIB) e que tem uma tradição de plantio orgânico e plantio convencional. A existência de mercado lá fora livre de transgênicos é muito importante, especialmente para a agricultura familiar brasileira", afirmou Cassel.

O Brasil é o segundo maior produtor mundial de soja. Segundo o Ministério do Desenvolvimento Agrário, no país, há mais de 4 milhões de agricultores familiares, responsáveis por 35% da produção da soja brasileira.

Guilherme Cassel ressaltou a importância de buscar um equilíbrio "eficiente" entre a produção de organismos geneticamente modificados e os convencionais. "Parece-me que o Brasil encontrou o equilíbrio eficiente para essas duas agriculturas. Temos uma produção cada vez maior. A agricultura brasileira é muito pungente, mas existem contradições no meio dela que mais cedo ou mais tarde terão que ser encaradas", disse.

Cassel lembrou que o Brasil já possui uma legislação que regula o assunto ligado à produção de transgênicos, mas que, por enquanto, não há um prazo estabelecido para decidir que modelo de produção será adotado. Segundo ele, essa é uma questão democrática. "São questões de soberania e segurança alimentar, do ponto de vista da qualidade dos alimentos que nós produzimos, por isso estão relacionadas à democracia. Por isso devemos realizar um debate mais intenso, que nós levará a conclusões mais seguras sobre a convivência desses dois modelos ou sobre a exclusão dos mesmos."