Shirley Prestes
Repórter da Agência Brasil

Porto Alegre - O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) criou hoje (19) um novo acampamento em Nonoai, na região norte do Rio Grande do Sul. Cerca de 200 famílias estão acampadas no km 21 da RS-406, distante a 35 quilômetros da cidade. Segundo um dos coordenadores do acampamento, Edenir Valssoler, a maioria é de filhos de pequenos agricultores da região, "que decidiram acampara para conquistar um pedaço de terra".

Edenir Valssoler explicou que, para organizar as famílias, o MST contou com o apoio dos movimentos gaúchos dos Pequenos Agricultores (MPA) e dos Atingidos por Barragens (MAB).

Em Nova Santa Rita, na região metropolitana de Porto Alegre, as famílias acampadas em frente à fazenda Montepio (na margem da rodovia Tabaí/Canoas), iniciaram hoje uma plantação para "pressionar a efetivação do assentamento, que está parado na justiça devido à decisão favorável ao empresário que arrenda o local".

Segundo o MST, a fazenda, de 1.600 hectares, que fazia parte da massa falida da Montepio Seguros, foi a leilão em julho de 2004. O Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) fez a melhor oferta e, assim que ganhou a terra, iniciou o processo de assentamento. A Rede de Supermercados Zaffari, que perdeu a área no leilão, entrou na justiça impedindo o assentamento definitivo das120 famílias sorteadas para viverem no local.

Quase três mil famílias sem terra vivem atualmente nos 11 acampamentos existentes no Rio Grande do Sul. O anterior foi criado pelo MST em Nova Hartz, no Vale dos Sinos, região metropolitana da capital, no final de setembro último. Um grupo de 35 famílias ocupou um terreno de propriedade do Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (Daer), à margem do km 39 da RS-239. De acordo com o MST, nos últimos três anos, apenas 100 famílias foram assentadas no estado.