Érica Santana
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O ministro da Economia Popular da Venezuela, Elías Jaua, disse hoje (19) que a cooperação entre Brasil e Venezuela em projetos voltados para a economia solidária irá "estabelecer um espaço de intercâmbio, de complementaridade entre os atores da economia solidária dos nosso países".
Jaua explicou que a economia solidária venezuelana está fundada em dois pilares. "Um é organizar o povo para a produção, mas sobre a base de novos valores de produção. E a outra estratégia é o desenvolvimento do território, a partir dos núcleos de desenvolvimento. É o desenvolvimento local, territorial, que nos permite uma reocupação do território nacional mediante a atividade produtiva organizada" .
A troca de experiências no setor faz parte de um protocolo de intenções assinado em fevereiro pelos presidentes da Venezuela e do Brasil durante visita de Hugo Chávez ao país. Os dois países têm interesse comum também em assuntos como inclusão social nos meios urbano e rural, fomento às cooperativas, às associações de trabalhadores e às empresas recuperadas pelos próprios trabalhadores, tanto do meio rural como do meio urbano.
Elías Jaua disse que o governo venezuelano valoriza a forma como as empresas de cooperativas brasileiras se desenvolveram, mesmo sem contar, anteriormente, com recursos financeiros do governo. A Venezuela possui uma lei estatal de comercialização, criada em 2003, para estimular o desenvolvimento das cooperativas. "Nos interessa que o povo venezuelano conheça a experiência brasileira para que valorize também o grande esforço de financiamento do Estado venezuelano para favorecer o movimento da economia solidária no nosso país".
A economia popular da Venezuela, equivalente ao programa brasileiro Economia Solidária do Desenvolvimento, é uma política pública estratégica para o desenvolvimento econômico e social daquele país. O Ministério da Economia Popular da Venezuela foi criado há pouco mais de um ano e, desde então, tem desenvolvido programas de governo que privilegiam o uso de cooperativas para a prestação de serviços públicos e fornecimento de produtos ao próprio governo.
O programa venezuelano conta também com a contribuição de recursos da Companhia Venezuelana de Petróleo (PDVSA). O governo venezuelano, por meio do programa Misión Vuelvan Caras, financia a criação de empreendimentos que lhes garanta acesso ao mercado de produtos e serviços que tem o Estado como seu principal cliente.
O ministro lembrou que, apesar deo primeiro comprador das cooperativas venezuelanas ser o governo, eles não querem que o movimento de economia popular seja tutelado pelo Estado. "Trata-se de uma política que permita a sustentação, que esteja 100% no movimento cooperativista. Temos a obrigação constitucional de promovê-lo e apóia-lo, mas são eles [os integrantes de cooperativas] que devem desenvolver e realizar os projetos que estão em desenvolvimento". Ele acrescentou que "nós não apenas buscamos que eles produzam, nós também queremos evoluir e democratizar as compras do Estado para que as economias populares possam ter acesso e efetivamente participar do Estado".
Em 2004, já havia 54.242 cooperativas registradas na Venezuela. Este, a ano, o governo venezuelano espera que chegue a 100 mil. O ministro Elías Jaua ficará no Brasil até a próxima sexta-feira (21). A visita dá início a um processo de cooperação bilateral entre Brasil e Venezuela e faz parte do esforço de integração continental desenvolvido pelos dois governos.