Lana Cristina
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O ministro da Saúde, Saraiva Felipe, confirmou hoje que o Brasil está investindo na busca de uma vacina contra o vírus da gripe do frango. Ao falar sobre o plano de contingência contra a doença, o ministro informou que o Instituto Butantã, de São Paulo, recebeu um aporte adicional de recursos no valor de R$ 3,5 milhões para adaptar laboratórios e comprar equipamentos, com o objetivo de produzir a vacina.
O Brasil já tinha se oferecido para produzir a vacina em setembro, durante reunião da qual participaram os países da Organização Mundial de Saúde (OMS). Até hoje, nenhum país conseguiu a vacina. Isso porque o vírus H5N1, que passa de aves para humanos, não cresceu em laboratório até o momento. A vacina só pode ser produzida com o vírus. "Se houver uma cepa que se replique (se reproduza) em laboratório, a partir daí, passamos a produzir a vacina", disse o ministro.
Ele evitou estipular um prazo para que o país produza a vacina. Saraiva Felipe ressaltou que, quando houver proteção contra o H5N1, a imunização só será feita se houver casos comprovados de contaminação no país. Segundo o ministro, os médicos estão preparados para identificar a necessidade de fazer exames em doentes que cheguem aos postos de saúde e hospitais, para comprovar se o quadro gripal é devido ao H5N1. "Isso ocorrerá se houver complicações no estado de saúde do paciente", explicou o secretário de Vigilância Epidemiológica, Jarbas Barbosa.
O Brasil tem três laboratórios considerados referência pela OMS para identificação do vírus da gripe do frango: o Instituto Evandro Chagas, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e o Instituto Adolpho Lutz. Se for constatada a contaminação por H5N1, o doente será medicado com o Tamiflu. O remédio, único no mundo capaz de combater o vírus, foi encomendado pelo governo ao laboratório Roche e deverá chegar em breve ao Brasil.
Barbosa tranqüilizou a população que consome frango regularmente, ao lembrar que não há possibilidade de se contaminar ao consumir, inadvertidamente, carne contaminada. "Se ocorrer de um frango que teve o vírus ser abatido e levado ao mercado, não há com que se preocupar. A temperatura do cozimento faz com que todos os vírus morram, inclusive esse", afirmou. O secretário lembrou que o mesmo se aplica a outras aves também consumidas por humanos, como patos, marrecos, peru, codornas ou chester. O contágio só ocorre, enfatizou Barbosa, quando há contato com aves vivas contaminadas com o vírus H5N1, em granjas ou em abatedouros.
O ministro Saraiva Felipe vai participar no final deste mês, em Otawa (Canadá), de reunião emergencial, com a presença de representantes de 30 países. Eles vão preparar uma estratégia mundial de prevenção da disseminação do vírus entre aves e também em humanos. Saraiva Felipe destacou que está em estudo a possibilidade de criação de um fundo de indenização para produtores que tenham seu plantel contaminado pelo vírus da gripe aviária. "Isso será muito importante, principalmente, para conter o foco na Ásia, onde já se registrou a passagem do vírus de ave para humanos. A medida fará com que produtores evitem comunicar a contaminação com medo do prejuízo que têm com o sacrifício dos animais", concluiu.