Padeiros assam e distribuem pãezinhos à população de rua na Praça da Sé em São Paulo

14/10/2005 - 13h33

Fábio Calvetti
Da Agência Brasil

São Paulo – Milhares de pessoas receberam na manhã de hoje (14) na capital paulista um saquinho com quatro pães para se alimentarem. Sob sol forte, uma enorme fila se formou na Praça da Sé – região central da cidade –, enquanto moradores de ruas, crianças e trabalhadores passavam no local.

O evento faz parte da Semana Mundial da Alimentação e contou com a parceria da ONG Ação da Cidadania, do Sindicato da Indústria de Panificação e Confeitaria (Sindipan) e do Sindicato dos Trabalhadores em Padarias.

Na noite de ontem, uma tenda foi montada na praça para a produção dos pães. Cerca de 150 voluntários se revezaram durante a madrugada para preparar mais de 20 mil pãezinhos. Além disso, outras 200 padarias irão produzir mais 180 mil pães que serão doados a entidades beneficentes.

"Vão sobrar 180 mil (pães) para serem distribuídos para aproximadamente umas 60 entidades carentes, orfanatos, creches, ações comunitárias e favelas através do vale-pão. Ou seja, vamos fornecer os vales a entidades pré-cadastradas. Essas vão entrar em contato com as padarias doadoras e receber seu pãozinho", disse o presidente do Sindipan, Antero José Pereira.

O padeiro Rozelesti Santana chegou às 19h20 para ajudar na preparação dos pães. O voluntário conta que foi chamado pelo sindicato para participar – e gostou da iniciativa. "Esse trabalho engrandece não só a gente, mas também as pessoas que necessitam da gente, e nós nos sentimos felizes em doar um pouco da gente para ajudar essas pessoas que precisam", diz ele.

O morador de albergue Everite Torres aprovou a iniciativa. Ele está desempregado e não tem condições de comprar alimentos. Torres ficou dez minutos na fila e se sentou no canto da praça para comer os pãezinhos. "Serve para me satisfazer, matar minha fome. Eu estou sem condições de adquirir alimentos", diz ele.

Além da distribuição de alimentos, um ato ecumênico reuniu representantes de oito denominações religiosas. Nadja Faraone, coordenadora-geral da Ação da Cidadania em São Paulo, avalia que o combate à fome deve ser prioridade política. "Nosso Brasil, se quiser, consegue atender a todos com alimentos dentro de pouquíssimo prazo. A miséria é mais cruel, um problema para ser resolvido a longo prazo, mas a questão da fome pode ser resolvida em curtíssimo espaço de tempo. É ter vontade política e cultura de solidariedade", diz ela.