Especial 7 - Rios têm mais animais e vegetais vindos de fora do que se esperava, avalia pesquisador

08/10/2005 - 9h56

Mônica Lago
Da Agência Brasil

Brasília - Os rios e lagos brasileiros abrigam mais animais e plantas vindos de fora do que se imaginava, mas, dentre esses, o número dos que podem ser considerados invasores era o esperado. A afirmação foi feita pelo coordenador do Grupo de Águas Continentais do informe nacional sobre o assunto, Anderson Latini, ao fim do 1º Simpósio Brasileiro Sobre Espécies Exóticas Invasoras, ontem (7).

Segundo Latini, foram identificadas no país 118 espécies exóticas de peixes, nove de plantas macrófitas aquáticas, seis de moluscos, cinco de crustáceos, quatro de anfíbios, duas de répteis e, entre os microorganismos, diversas cianobactérias. Latini explicou que na maior parte os seres vivos listados não são invasores, ou pelo menos ainda não podem ser encarados assim. "Eles só são enquadrados assim quando apresentam potencial para causar problemas sociais, econômicos ou ambientais", disse.

"A maior parte dos crustáceos criados no Nordeste, por exemplo, ainda não assumiu o status de exótico invasor. A maioria está restrita ao sistema de cultivo. Então, nós ainda precisamos de um esforço de pesquisa, para saber de forma mais detalhada qual o poder de dispersão desses organismos quando eles saem do sistema de cultivo, para avançar no sistema natural", explicou.

Os pesque-pague também podem contribuir para a entrada de novos organismos. De acordo com Latini, é difícil quantificar, mas qualquer sistema de cultivo de exótico, como o de peixes e o de crustáceos, representa risco. "Não há necessariamente um fator negativo relacionado ao cultivo, porém eles podem potencializar a existência do problema", avaliou.

Na avaliação do pesquisador, a proibição do uso econômico das espécies exóticas não é a questão central. "A gente precisa desenvolver sistemas que restrinjam a forma de uso, ou que criem medidas de biosegurança, para evitar que as espécies se tornem invasoras e causem problemas ao meio ambiente", afirmou Latini. Ele disse ainda que é preciso fazer muitos estudos para encontrar formas de sustituição de espécies exóticas por nativas (naturais daqui).

A região amazônica ainda é um dos locais que apresentam relativamente poucos problemas com as espécies invasoras. Existem alguns casos, mas, segundo Latini, os dados indicam que elas ainda estão restritas a áreas que sofreram algum impactopela ocupação do homem.