Reggae jamaicano marca identidade da população negra no Maranhão, aponta estudo

07/10/2005 - 19h16

Thais Leitão
Repórter da Agência Brasil

Rio – A presença do estilo musical jamaicano no Maranhão ajudou a resgatar o orgulho de ser negro sob uma nova perspectiva: a da identificação caribenha. Essa conclusão faz parte de um estudo desenvolvido pelo pesquisador Carlos Benedito Rodrigues, da Universidade Federal do Maranhão. Ele participou hoje (7) da palestra sobre a importância da música na diáspora, durante a 3ª Conferência da Association for The Study of World African Diaspora (ASWAD), no Rio de Janeiro.

Para o pesquisador, o estado brasileiro – que é dono de uma marcante manifestação cultural, como o bumba meu boi e o tambor de crioula –, ganhou uma nova construção de sua identidade a partir da influência do estilo musical reggae, importado da Jamaica. "A população negra, que é maioria no estado do Maranhão, passou a se identificar com uma nova região. Muitos se dizem ‘negros jamaicanos’ e não africanos", afirmou.

Rodrigues acredita que a manifestação cultural tradicional do Maranhão retrata as situações do cotidiano e tratam de problemáticas atuais ligadas à sociedade, à política, entre outras questões sociais. Para ele, "o reggae possibilita uma nova forma de lazer, de festa, que traz uma nova maneira de enxergar a vida à população".

Segundo o pesquisador, o reggae e a cultura jamaicana estimularam um resgate do orgulho e da valorização de negros "que sempre viveram nas periferias". Para ele, a identidade africana remete a um passado marcado pela escravidão e pelo sofrimento. "A nova perspectiva de identidade jamaicana através da música negra traz uma visão de alegria e liberdade", informou o pesquisador.