Envio de processos contra deputados para Conselho de Ética pode ficar para depois do feriado

07/10/2005 - 18h07

Iolando Lourenço e Juliana Cézar Nunes
Repórteres da Agência Brasil

Brasília - O deputado João Caldas (PL-AL) pode fazer com que o envio dos processos contra parlamentares para o Conselho de Ética seja feito apenas depois do feriado - e não na próxima terça-feira (11), conforme queria a oposição. Na terça, os sete membros do órgão reponsável pela coordenação dos trabalhos legislativos têm uma reunião marcada para discutir o envio dos processos.

João Caldas, que é um dos integrantes da Mesa Diretora da Câmara, avalia a possibilidade de pedir vistas ao material enviado pela Corregedoria com parecer favorável à abertura, no Conselho de Ética, de processo contra 16 parlamentares. O deputado quer tempo para conhecer tanto as acusações quanto as defesas dos colegas acusados de se beneficiar do suposto mensalão.

Pelo regimento da Câmara, é obrigatória a concessão de vistas ao processo por duas sessões, caso qualquer membro da Mesa peça vistas durante a reunião da Mesa, marcada para terça-feira. Caso receba o processo, deverá delvolvê-lo na sexta, mas se não houver quórum mínimo na Câmara, apenas na semana seguinte é que o processo poderá ser encaminhado para o Conselho de Ética.

"Devo pedir vistas porque não conheço os processos. Não conheço bem as denúncias, nem as defesas. E ainda acho melhor que esses processos sejam avaliados em separado e, não, em conjunto, como recomendou a Corregedoria", justifica Caldas.

Ele reconhece a existência de opiniões contrárias à dele na própria Mesa Diretora. "A disposição da maioria dos membros da Mesa é mandar todos (os 16 deputados) para o Conselho, fugindo da sua responsabilidade. A tese da Mesa é a mesma do Pôncio Pilatos: lavo as mãos. Não concordo com isso", disse.

Entre os sete membros titulares da Mesa diretora estão o presidente da Câmara, Aldo Rebelo (PCdoB-SP), e o primeiro vice-presidente da Casa, José Thomaz Nonô (PFL-AL). O pefelista já se manifestou favorável ao envio imediato ao Conselho de Ética.

"Vão todos ao Conselho de Ética, porque é no Conselho de Ética que o deputado pode exercer em toda a plenitude o seu direito de defesa", acredita Nonô. Rebelo tem dito que analisará com "espírito de isenção, de rigor, de equilíbrio e de justiça" o relatório da Corregedoria. "Mas não devo, por espírito de equilíbrio e respeito, antecipar nem minha decisão, nem qual seria a posição da Mesa", ponderou o presidente da Câmara.

Já o presidente do Conselho de Ética, Ricardo Izar (PTB-SP) tem pressa em receber as representações conta os 16 parlamentares. Ele defende que a Mesa Diretora já envie separadamente os processos. Izar já disse que se vierem em bloco, o próprio Conselho fará a separação do material e, em seguida, promoverá um sorteio para escolher os relatores. Segundo ele, os relatores de cada processo não poderão ser do mesmo partido e nem do mesmo estado do acusado.

Confira abaixo a lista dos 16 deputados citados nas CPMIs e que poderão ser processados no Conselho de Ética por quebra de decoro:

- José Janene (PP-PR)
- Pedro Correia (PP-PE)
- Pedro Henry (PP-MS)
- Sandro Mabel (PL-GO)
- João Magno (PT-MG)
- João Paulo Cunha (PT-SP)
- José Borba (PMDB-PR)
- Josias Gomes da Silva (PT-BA)
- Paulo Rocha (PT-BA)
- Professor Luizinho (PT-SP)
- Romeu Queiroz (PTB-MG)
- Vadão Gomes (PP-SP)
- Vanderval Santos (PL-SP)
- José Mentor (PT-SP)
- Roberto Brant (PFL-MG)
- José Dirceu (PT-SP)