Secretário-geral da CNBB diz que apóia protesto do bispo de Barra

06/10/2005 - 19h09

Brasília, 6/10/2005 (Agência Brasil - ABr) - A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil apóia o protesto feito pelo bispo de Barra (BA), dom Luiz Flávio Cappio, apesar de considerar que "não é eticamente aceitável fazer uma greve de fome até a morte". O secretário-geral da CNBB, dom Odilo Pedro Scherer, lembrou que a igreja católica condena o suicídio.

O bispo ficou sem comer durante 11 dias, em protesto contra o projeto de integração do Rio São Francisco às bacias do Nordeste Setentrional. Hoje (6), o ministro Jaques Wagner, da Secretaria de Relações Institucionais, foi a Cabrobó (PE) negociar com o bispo o fim da greve de fome. Os dois fecharam uma acordo em que o governo se comprometeu a promover uma discussão nacional sobre o projeto, antes do início das obras. O governo também se propôs a dar atenção especial aos impactos ecológicos e à situação das populações mais pobres e ribeirinhas.
Assim que se recuperar, dom Cappio deverá se reunir com o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva.

O protesto chamou a atenção do papa Bento XVI, que escreveu uma carta ao bispo, cujo teor não foi divulgado. Dom Odilo Scherer, no entanto, afirmou que o documento continha um pedido de que o bispo suspendesse a greve. E se disse feliz com o desfecho do protesto: "Apesar de ser um gesto extremo, é positivo pela mobilização".

Sobre a posição da Igreja em relação ao uso de um cargo religioso para uma questão política, Dom Odilo lembrou que "a causa ultrapassa o político, é uma questão humanitária, e se um deputado tivesse feito também teria chamado a atenção". O secretário-geral, no entanto, ressaltou que esse "não foi um ato da CNBB, foi um ato pessoal do bispo". E ao final da entrevista, brincou: "Espero que a moda não pegue".