Pesquisadora defende inclusão de história das etnias no ensino oficial

06/10/2005 - 19h56

Rio, 6/10/2005 (Agência Brasil - ABr) - É fundamental introduzir no ensino oficial a presença das etnias que representam a diversidade brasileira, defendeu a professora e pesquisadora Azoilda Loretto, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Ela também é professora do ensino fundamental e superior, e participou hoje (6) da 3ª Conferência da Association for The Study of World African Diaspora (Aswad), no Rio.

"A história e a cultura tanto dos negros como dos índios, por exemplo, que também contribuíram muito para a construção do Brasil, precisam fazer parte do currículo escolar", afirmou a pesquisadora. Para ela, um dos grandes desafios da escola é abordar e incorporar a multiplicidade do povo brasileiro.

Ela citou a lei 10639/2003, que torna obrigatório o ensino da História da África e dos negros no Brasil, como uma iniciativa importante neste sentido, mas destacou também o papel da sociedade: "A lei é um suporte fundamental, mas o sucesso desse processo depende, ainda, de um investimento político e da atenção de toda a sociedade para que as ações sejam, de fato, implementadas".

A pesquisadora Maria Batista Lima, da Pontifícia Universidade Católica (PUC) do Rio de Janeiro, também disse acreditar que essa lei "é um importante passo para a valorização da população negra". E lembrou que já havia iniciativas isoladas em alguns estados brasileiros, mas que não obtiveram muito sucesso. "A necessidade dessa inclusão é indiscutível, porque temos que resgatar para o registro oficial do nosso país a atuação de povos que historicamente têm sido negados ou inferiorizados", afirmou.

Maria Batista Lima destacou ainda a importância das ações desenvolvidas pelas secretarias estaduais e municipais de Educação: "Se elas não perceberem a relevância desse assunto, os livros e as cartilhas ficarão nas estantes sem que ninguém leia ou discuta a realidade a partir desse material".