Ações afirmativas revertem desigualdades historicamente construídas, diz pesquisadora

06/10/2005 - 19h54

Rio, 6/10/2005 (Agência Brasil - ABr) - As desigualdades historicamente construídas precisam ser revertidas através de ações afirmativas. A opinião é da pesquisadora Maria Batista Lima, da Pontifícia Universidade Católica (PUC) do Rio de Janeiro. Para ela, que participou hoje (6) da 3ª Conferência da Association for The Study of World African Diáspora (Aswad), essas ações são válidas em qualquer sociedade, desde que proporcionem a valorização de um grupo excluído.

"As ações afirmativas devem ser entendidas sob um conceito muito mais amplo do que apenas a política de cotas. Qualquer projeto que atue para minimizar as desigualdades em uma sociedade deve ser enxergado como ação afirmativa", disse. A pesquisadora citou como exemplo o projeto Diálogo entre Povos, do Serviço Social do Comércio (Sesc) do Rio de Janeiro, e que ela coordenou. O objetivo, acrescentou, é criar espaço para a discussão da formação para a igualdade, baseada na questão étnica.

"Para isso, são desenvolvidas atividades como o passeio étnico, que consiste em levar um grupo de universitários para conhecer, na prática, a atuação dos negros na construção da cidade do Rio de Janeiro", explicou. Os estudantes visitam os locais onde houve intensa participação de negros na construção dos espaços e onde eles viveram em épocas antigas, principalmente no tempo da escravidão. Segundo Maria Batista Lima, "isso ajuda a resgatar e a valorizar a presença negra na construção da cidade".