Sem-terra dizem estar sendo ameaçados por jagunços

05/10/2005 - 17h15

Marcela Rebelo
Repórter da Agência Brasil

Brasília – O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) afirma que as 400 famílias que ocuparam a fazenda AgroReservas, em Unaí (MG), estão sendo ameaçadas por jagunços armados. "Na segunda-feira mesmo, eles dispararam vários tiros à noite para cima. Não sei se foi para rumo. Se foi, não chegou aqui porque eles não estavam perto. Mas eles atiraram várias vezes para cima", disse ontem à reportagem da Agência Brasil a integrante do movimento Elisana Monteiro.

O promotor da Vara de Conflitos Agrários de Minas Gerais, Luiz Carlos Martins, disse que o movimento informou a ele que estariam ocorrendo as ameaças. "Recebemos informações de ameaças, de abordagens de funcionários da fazenda que estariam portando armas de fogo e essa ação estaria de certa forma intimidando os trabalhadores rurais", declarou Luiz.

Ele afirma que o MST precisa declarar formalmente ao Ministério Público o que está acontecendo na ocupação. "Precisa do relato formal, inclusive, com relação a eventuais emissões de uma ação da polícia com relação a obrigação estatal de proteger a quem quer que seja", explicou.

Dez policiais militares de Minas Gerais estão na fazenda 24 horas, a uma distância de cerca de 500 metros da ocupação. O gerente financeiro da AgroReservas, Helton Vecchi, diz que não há jagunços na propriedade. "Não temos nem segurança armada dentro da nossa propriedade. Temos três portões com pessoas desarmadas com rádio, o único instrumento que eles utilizam para fazer a segurança da fazenda", declarou.

O MST afirma também que todas os acessos à fazenda foram fechados pelos jagunços. Helton diz que os portões foram interditados com caçambas para impedir a entrada de ônibus com mais trabalhadores rurais. "Fechar o acesso não. Com medo de mais invasão via portões, colocamos caçambas que utilizamos para a colheita dos nossos grãos, interditando parte dos portões para que somente veículos menores pudessem entrar, que são os nossos veículos de trabalho", disse.

Um dos coordenadores do MST do Distrito Federal e do Entorno, Gaspar Martins, afirma que mais famílias irão se deslocar para a ocupação. Eles entram na fazenda atravessando um córrego, vindo de uma propriedade vizinha.

A equipe de reportagem da Agência Brasil foi autorizada pelos gerentes da fazenda a entrar na propriedade, mas só pôde chegar perto da ocupação dos sem-terra acompanhada de um relações públicas da AgroReservas.