Thais Leitão
Repórter da Agência Brasil
Rio – As políticas universalistas, direcionadas à população como um todo e desenvolvidas no Brasil, não têm alcançado o negro; elas apenas mantêm as desigualdades. A afirmação é da representante do Ministério da Educação Deborah Silva Santos, que participou hoje (5), no Rio de Janeiro, da 3ª Conferência da Association for the Study of World African Diaspora (ASWAD), realizada pela primeira vez no Brasil.
Para Deborah Silva Santos, as ações afirmativas, como a reserva de vagas para negros em universidades públicas, são fundamentais para garantir que os afrodescendentes tenham os mesmos direitos que os brancos. "Elas devem ser aplicadas por um curto prazo, para que o problema não se torne insolúvel, mas são necessárias pois incorporam a população negra na sociedade", explicou.
Para Eliane dos Santos Cavalleiro, da Secretaria de Educação Continuada (SECAD) do Ministério da Educação, as ações afirmativas representam um grande avanço, principalmente no âmbito educacional, mas há a necessidade, ainda, de se implementar um projeto político-pedagógico capaz de modificar as bases da educação de toda a sociedade.
"A Lei 10639/2003 prevê a inclusão da temática da história e da cultura negra no ensino escolar. Isso é muito importante, mas a prática só pode ser implementada a partir de mudanças na formação dos professores. Eles precisam conhecer esse conteúdo para transmitir aos alunos", disse ela.
Mais de 400 pesquisadores brasileiros e estrangeiros, ligados a 191 universidades do mundo, vão debater, até sexta-feira (7), sobre a dispersão dos afrodescendentes por vários países, no Hotel Sofitel, em Copacabana.