Meios de comunicação são fundamentais para cidadania plena do negro, diz jornalista

05/10/2005 - 19h48

Thais Leitão
Repórter da Agência Brasil

Rio – O negro ainda é apontado como subalterno e pessoa de capacidade intelectual reduzida pelos meios de comunicação. A afirmação é do jornalista Kassio Mota, da Universidade Federal Fluminense (UFF). Ele apresentou hoje (5), no Rio de Janeiro, um estudo sobre a publicação na mídia de questões relacionadas aos afrodescententes, na 3ª Conferência da Association for the Study of World African Diaspora (ASWAD), que ocorre pela primeira vez no Brasil.

Para ele, a sociedade brasileira precisa mudar com urgência a maneira de enxergar a população negra. "Embora o movimento negro organizado tenha conquistado mais visibilidade nos últimos anos, essa luta é secular. Vem desde a resistência à escravidão", disse ele. O jornalista avalia que os meios de comunicação são fundamentais para que os negros desenvolvam uma cidadania plena.

"Um exemplo dessa discriminação absurda foi a tentativa de proibir a prática de sacrifícios de animais nos cultos religiosos de afrodescendentes no sul do país há alguns anos. Não se pode proibir uma prática típica dessa população. Isso seria a negação da cidadania a qual eles têm direito", afirmou ele.

Até sexta-feira (7), mais de 400 pesquisadores brasileiros e estrangeiros, ligados a 191 universidades de vários países, vão debater sobre a dispersão dos afrodescendentes pelo mundo, no Hotel Sofitel, em Copacabana.