Cooperativa de Costura Artesanal permitiu inclusão social de donas de casa, diz integrante

05/10/2005 - 17h42

Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil

Rio – A maior vitória que a Cooperativa de Costura Artesanal (Coosturart), do Rio de Janeiro, proporcionou às suas integrantes foi a inclusão social, afirmou a presidente da instituição, Cláudia Pereira de Siqueira. Quando se reuniram, há quatro anos, essas donas de casa, moradoras do Conjunto Habitacional João XXIII, em Santa Cruz, zona Oeste do Rio, não tinham idéia de que os artigos de moda que criavam no âmbito doméstico poderiam ganhar as manchetes dos jornais e, quem sabe um dia, as vitrines internacionais.

O trabalho da Coosturart foi um dos exemplos levantados durante o 9º Seminário Internacional da Rede Universitária das Américas em Estudos Cooperativos e Associativismo, que ocorre desde segunda-feira no Centro de Tecnologia da Ilha do Fundão e é promovido pela Incubadora Tecnológica de Cooperativas Populares.

Participam do evento representantes de 15 países integrantes da Rede, que debatem a inclusão social por meio das cooperativas de trabalho.

Para Cláudia Siqueira, a inclusão social não é só melhora de renda, mas também de profissionalização. "A gente está buscando ter a renda justa para cada uma, mas é importante que elas se reconhecerem como profissionais, atuando de forma empresarial", avaliou. Atualmente, a Coosturart reúne 35 profissionais, entre costureiras, modelistas e bordadeiras, entre outras atividades.

Cláudia Siqueira informou que a Incubadora da Coppe/UFRJ presta assessoria técnica na parte de gestão cooperativista. A Coosturart firmou ao longo desses quatro anos de existência parcerias com outras entidades, como o Movimento Viva Rio, que cedeu máquinas em comodato, isto é, em empréstimo; e o Fundo Carioca, da prefeitura do Rio de Janeiro, que forneceu crédito há dois anos, no valor de R$ 10 mil, para compra de máquinas e matéria-prima e reparo de infra-estrutura.

A cooperativa já montou um primeiro ponto de venda (Casa Sete) na zona Sul da capital, em parceria com outros estilistas. Até o fim do ano, a Coosturart planeja se sedimentar no mercado. Nesta semana, a cooperativa fez a primeira venda para São Paulo: 200 peças. Numa segunda etapa, a partir do próximo ano, a cooperativa pretende vender para o mercado externo. Grupos da Itália, Estados Unidos e Portugal têm visitado a cooperativa.

Segundo Cláudia Siqueira, a falta de financiamento é ainda uma das grandes dificuldades para as cooperativas. No fim do debate, ela sugeriu a necessidade de os bancos desenvolverem um mecanismo que auxilie o desenvolvimento dessas instituições.