Sem acordo, juiz adianta que deverá conceder liminar de desocupação de fazenda em Unaí

04/10/2005 - 18h48

Marcela Rebelo
Enviada especial

Unaí (MG) – Terminou sem acordo a audiência entre integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e proprietários da fazenda Agroreservas do Brasil em Unaí (MG). Eles tentaram negociar a permanência das famílias sem-terra na fazenda até que a Justiça determine se a terra é devoluta, ou seja, propriedade do estado de Minas Gerais.

Sem acordo, o Ministério Público deve enviar em até cinco dias ao juiz da Vara de Conflitos Agrários de Minas Gerais, Fernando Humberto dos Santos, um parecer determinando se as famílias ocuparão a área até que se considere quem é o proprietário e se, conseqüentemente, ela será desapropriada. "Acho difícil que possa aparecer algum fato novo para que eu não conceda a liminar [exigindo a saída dos sem-terra]", adiantou o juiz sobre a sua decisão.

Segundo ele, os proprietários da fazenda apresentaram documentos que mostram que eles são os donos da terra. Entretanto, um estudo realizado há dois anos pelo Instituto de Terra de Minas Gerais afirma que há indícios de que as terras seriam públicas, como argumenta o MST.

O promotor Luiz Carlos Martins da Costa afirmou que o prazo entre a concessão da liminar e a desocupação da terra pode demorar cerca de 60 dias. Segundo informações do MST, cerca de 400 famílias ocupam parte da fazenda há mais de uma semana.

A fazenda pertence à Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias. A igreja, conhecida como religião mórmon, tem sede nos Estados Unidos