Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil
Rio – A Polícia Federal (PF) tem "95% de certeza" sobre a autoria do roubo dos cerca de R$ 2 milhões do prédio da Superintendência da Polícia Federal no Rio de Janeiro. "Temos também a convicção de que essas pessoas que participaram desse ato aqui na Polícia Federal são servidores da Polícia Federal", analisou o superintendente da PF no Rio de Janeiro, delegado José Milton Rodrigues.
Os R$ 2 milhões haviam sido apreendidos na Operação Caravelas – para desmantelar uma quadrilha de tráfico internacional de drogas. A ação, desencadeada em 15 de setembro, desmantelou uma quadrilha de tráfico internacional de drogas e evitou a remessa de 1,6 mil tonelada de cocaína para fora do Brasil. O dinheiro sumiu de dentro do prédio da superintendência da PF no Rio de Janeiro três dias após ser apreendido.
Indicou também a possibilidade de que a quadrilha tenha contado com ajuda externa, inclusive de pessoas estranhas ao órgão. Tudo isso está sendo investigado, garantiu Rodrigues. Rodrigues disse que já tem "quase certeza absoluta de quem são os autores do crime". O delegado afirmou que todos que trabalharam na operação são suspeitos em potencial.
Revelou, porém, que outro fato levantado por uma auditoria na Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE) constatou a troca aparente de 20 quilos de cocaína apreendidos em 2004 por outra substância.
O material foi enviado a Brasília para perícia. "As informações que eu tenho é que realmente tal fato ocorreu", disse o delegado, que determinou hoje a abertura de novo inquérito policial e de sindicância para apurar a responsabilidade. As investigações dirão se o crime foi cometido pela mesma quadrilha.
Rodrigues admitiu que o responsável pela guarda da chave do cofre onde estaria o dinheiro "é culpado em tese". A sindicância pode resultar na demissão de servidores. Rodrigues disse que já está sendo pedida à Justiça a quebra dos sigilos fiscal e bancário dos suspeitos.
"Precisa agora localizar a prova material, que é o dinheiro", indicou. "Este é o grande desafio", disse o superintendente. José Milton Rodrigues manifestou ter certeza de que o dinheiro será recuperado. Segundo o delegado, os R$ 2 milhões se encontram dentro do Estado.
Nos dois casos, a pessoa responsável pelo depósito era o chefe do cartório da PF, o escrivão Fábio Kahir. "Eu não estou aqui dizendo que seja ele o autor desse fato, mas ele terá que prestar explicações e esclarecimentos", afiançou Rodrigues. Como o escrivão aparece nos dois casos, o Superintendente da PF no estado acrescentou que "ele vai ter que se explicar, apresentar uma justificativa muito boa para essas duas ocorrências".
Na primeira, referente aos R$ 2 milhões roubados, Rodrigues avaliou que o escrivão, "aparentemente, não adotou as cautelas que são recomendadas nesse caso". E no caso da droga supostamente trocada por outra substância, a responsabilidade sobre o material apreendido seria do mesmo funcionário. "Nós vamos apurar como isso pode ter ocorrido", disse o superintendente.
O delegado Rodrigues esquivou-se, entretanto, de afirmar que Kahir seja um dos principais suspeitos. "É possível que seja, mas eu não posso adiantar sem que a investigação avance", explicou.
Esclareceu, ainda, que o pedido de prisão preventiva do escrivão é competência do presidente do inquérito. "Isso depende não só das provas, das evidências que a gente tem, como também da oportunidade e essa avaliação fica a critério do delegado que está presidindo o inquérito".