Érica Santanna
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Diante das espécies invasoras, há três caminhos, aponta Lídio Coradin, da Secretaria de Biodiversidade e Florestas do Ministério do Meio Ambiente (MMA): prevenir, controlar ou erradicar. "O caminho mais fácil é prevenir. Fazer com que as pessoas sejam devidamente sensibilizadas para não introduzirem novas espécies no meio ambiente sem o devido conhecimento. E se forem introduzir, consultar os órgãos adequados", afirma o representante do MMA.
O combate a animais, plantas e microrganismos que se convertem em pragas será uma das principais questões tratadas durante o primeiro 1º Simpósio Brasileiro sobre Espécies Exóticas Invasoras. O evento começa hoje (4) e vai até a próxima sexta-feira (7), na capital nacional. "O Brasil vai resgatar um compromisso não apenas com acordos e tratados internacionais que assinou e notificou, mas também com a própria sociedade", comenta Coradin. "A entrada de espécies exóticas no Brasil é um problema global que requer respostas de outros níveis. Nós estamos fazendo o possível para amenizar esse problema."
Durante o simpósio deve ser apresentado, pela primeira vez, um diagnóstico das espécies que afetam os sistemas terrestres, marinhos e de produção, bem como a saúde humana. O estudo, em fase de conclusão, foi realizado pelo Projeto de Conservação e Utilização Sustentável da Diversidade Biológica Brasileira (Probio/MMA), em parceria com o Instituto Hórus, o The Nature Conservancy, o Instituto Oceanográfico da Universidade de São Paulo (USP), a Universidade Federal de Viçosa, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e a Fundação Oswaldo Cruz. O ministério informa que investiu R$ 750 mil para a realização da pesquisa.
Segundo Coradin, um estudo realizado nos Estados Unidos, Austrália, Índia, Reino Unido, África do Sul e Brasil indicou que mais de 120 mil espécies invadiram esses seis países nos últimos anos, e que 480 mil espécies – das quais 30% seriam pragas –, já estão introduzidas nos diversos ecossistemas da Terra.
O mexilhão-dourado, originário da Ásia, é um exemplo de espécie exótica invasora que se transformou em praga no Brasil, principalmente no Pantanal mato-grossense. "Ele se distribui muito rápido por causa das embarcações que entram e saem na região", explica o representante do MMA. "É difícil fiscalizar todos os barcos. Nós teríamos que pegar barco por barco e pulverizá-los. Esse é hoje um problema grave, mas não estamos conseguindo uma forma de solucioná-lo porque isso tem um impacto econômico muito forte", diz.
Lídio Coradin relata que nem sempre é possível evitar o conflito entre a necessidade de combater as espécies invasoras e as ações dos agricultores. "O Ministério do Meio Ambiente vive quase que num eterno conflito: nós procuramos sempre manter o meio ambiente o mais sadio possível, porque nós sabemos que isso representa qualidade de vida. Mas às vezes a ambição e o egoísmo não contribuem, e às vezes tem coisas que as pessoas não fazem por gosto ou porque vai dar errado, mas porque acham que é uma solução importante, que vai gerar um resultado positivo para o país."