Escolas indígenas contribuíram para renascimento do povo Mura

02/10/2005 - 8h28

Thaís Brianezi
Repórter da Agência Brasil

Manaus - Levantamento da Fundação Nacional do Índio (Funai) mostrou que em 1975 havia no Brasil apenas 91 indígenas da etnia Mura, concentrados na região de Autazes, no Amazonas. Em 1998, um mapeamento da Secretaria Estadual de Educação (Seduc) apontou a existência de 2.579 índios mura. No ano passado, dados da Fundação Nacional de Saúde (Funasa) indicavam que os mura já eram 5.978 indivíduos."O povo mura quase foi considerado extinto. Mas por meio da discussão da escola indígena, da indentidade, esses povo foi se reconhecendo, se assumindo", explicou a professora da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) que acompanha o movimento de professores Mura, Rosa Helena Dias da Silva.

Existem em Autazes 10 escolas Mura, nas quais estudam 1.055 alunos da 1ª à 6ª serie do ensino fundamental. O ensino não é bilíngue, porque os mura perderam sua língua, mas ainda assim é diferenciado. "A fisofia que está por trás do projeto pedagógico dessas escolas se baseia no debate sobre o que é ser mura hoje, no orgulho étnico, no ser comunitário. Por isso, por exemplo, a avaliação não é competitiva, individualista", contou Rosa Helena. "Os mura são um povo que cultiva a liderança, mas baseada no mérito, não no autoritarismo. Quando eles organizam algo, falam para a pessoa que está coordenando: vai na frente, porque você é o Peara. Peara é como eles chamam o porco que anda na frente do bando, no qual os caçadores atiram primeiro. Quando eles acertam, o bando rapidamente se dispersa, mas logo escolhe outro Peara e muda de caminho. Os Mura encaram o professor indígena como uma liderança", completou ela.