Thaís Brianezi
Repórter da Agência Brasil
Manaus - A criação da Reserva Extrativista (Resex) do rio Unini, em processo de formalização, é um dos resultados tardios da parceria entre o Subprograma Projetos Demonstrativos (PDA) e a Fundação Vitória Amazônica (FVA). "Não é fruto exclusivo desse apoio, mas o PDA também fez parte dessa história", esclareceu Ana Cristina de Oliveira, coordenadora-executiva adjunta da fundação, em entrevista ao programa Ponto de Encontro, da Rádio Nacional da Amazônia.
Entre março de 2000 e março de 2003, o PDA investiu R$ 240 mil em apoio a ações da Fundação Vitória Amazônica no Parque Nacional do Jaú e seus arredores, em Barcelos e Novo Airão, no Amazonas. Em 2002, lideranças de oito comunidades do rio Unini e de duas comunidades do rio Jaú, que vivem irregularmente dentro do parque, criaram a Associação de Moradores do rio Unini (Amoru), em parte incentivadas pelos cursos de capacitação financiados pelo PDA. Em 15 de maio deste ano, motivado por um pedido da Amoru, o Centro Nacional de Populações Tradicionais (CNPT), o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) realizou uma consulta pública na região, na qual cerca de 300 pessoas decidiram pela criação da Resex do rio Unini.
O Parque Nacional do Jaú é uma unidade de proteção integral (na qual não pode haver moradores), criada em 1980, com 2,27 milhões de hectares. A área de 870 mil hectares que será destinada à criação da Resex do Rio Unini fica ao lado do parque e é vista pelos moradores e pelo Ibama como o local ideal para reassentar as 272 famílias que ainda vivem nele. Em entrevista à Agência Brasil, no dia 31 de agosto, o coordenador estadual do CNPT, Leonardo Pacheco, informou que o processo de criação da reserva deve ser concluído até o fim do ano.
A Fundação Vitória Amazônica é uma organização não-governamental conservacionista brasileira que atua na bacia do Rio Negro, no Amazonas. Foi fundada em 1990 e passou a atuar no Parque Nacional do Jaú em 1992. Segundo Ana Cristina, o recurso recebido do PDA também contribuiu para que 49 professores da zona rural de Barcelos participassem de oficinas de educação ambiental. "O nosso foco era discutir com eles como poderiam, no seu dia-a-dia, trabalhar a questão ambiental na sala de aula, principalmente porque a maioria desses professores morava e lecionava dentro do parque", contou. "Os cursos contavam com o apoio da Secretaria Municipal de Educação de Barcelos, mas a participação neles não era obrigatória. Mesmo assim, começamos com pouco mais de 20 pessoas e terminamos o projeto com 49 professores capacitados e duas cartilhas impressas", contou.
Ana Cristina citou também o fortalecimento institucional da Associação de Artesãos de Novo Airão como outro objetivo atingido pelo projeto PDA. "São 45 associados, a maioria mulheres, que sobrevivem graças à venda do artesanato de arumã (fibra vegetal amazônica presente em áreas alagadas). A gente ofereceu consultorias em gestão e também trabalhou o manejo do arumã, ensinou a mapear o local de coleta de modo que fosse possível alternar as áreas de corte sem acabar com a matéria-prima", explicou.
O PDA faz parte do Programa Piloto para Proteção das Florestas Tropicais do Brasil (PPG7), financiado pela cooperação internacional e coordenado pelo Ministério do Meio Ambiente. Nos seus 15 anos de existência, além do PDA/PPG7, a Fundação Vitória Amazônica recebeu ajuda, entre outros, da Fundação Ford, do Fundo Nacional de Biodiversidade (Funbio), do Fundo Mundial para a Natureza (WWF-Brasil), do governo da Áustria e da União Européia.